Frithjof Schuon — Do Divino ao Humano
Primazia do Invisível
Na mesma ordem de ideias, faremos valer que as ideias de “Grande Espírito” e de primazia do Invisível são naturais ao homem, o que não tem mesmo necessidade de uma demonstração; ora aquilo que é natural à consciência humana, a qual se distingue da consciência animal por sua objetividade e sua totalidade, — sua capacidade de absoluto e de infinito poderíamos dizer, — aquilo que é natural à consciência humana prova ipso facto sua verdade essencial, a razão de ser da inteligência sendo a adequação ao real [[Ouvimos alguém dizer que as asas dos pássaros provam a existência do ar, e asim como o fenômeno religioso, comum a priori a todos os povos, prova a existência de seu conteúdo, a saber Deus e a sobrevivência; o que é pertinente, se a gente se permite examinar a coisa em profundidade. ]]. Por outro lado, se a Intelecção e a Revelação são “sobrenaturalmente naturais” ao homem, sua recusa também é uma possibilidade da natureza humana, bem entendido, sem o que não se produziria; mas é porque o homem, sendo integralmente inteligente, é por isto mesmo integralmente livre, o que significa por via de consequência que, só entre as criaturas terrestres, ele é livre para ir ao encontro de sua natureza. Ora ele só tem esta liberdade na sequência de uma queda que, precisamente, o separa de pronto da Revelação imanente que é a Intelecção, e em seguida o dispõe contra a Revelação profética, a qual suplementa à ausência da Ciência imanente; e que em aí suplementando desperta esta, pelo menos em princípio.
NOTAS:
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