Schopenhauer (MVR1:184-185) – o infundado de cada coisa na natureza

— Pois em cada coisa na natureza há algo a que jamais pode ser atribuído um fundamento, para o qual [I 148] nenhuma explanação é possível, nem causa ulterior pode ser investigada. Trata-se do modo específico de seu atuar, ou seja, justamente a [184] espécie de sua existência, sua essência. Para cada efeito isolado de uma coisa pode-se demonstrar a causa da qual se segue e que lhe permite o fazer-efeito exatamente agora, exatamente aqui, mas nunca se pode demonstrar por que essa coisa em geral atua e exatamente assim. Mesmo que não possua outras qualidades e se trate apenas de uma partícula de poeira, ainda assim revelará aquele algo infundado, ao menos como gravidade e impenetrabilidade. Esse infundado, digo, é-lhe aquilo que no homem é sua VONTADE e, tanto quanto esta, conforme sua essência íntima, não está submetido à explanação, sim, é em si idêntico à Vontade. Para cada exteriorização da Vontade, para cada ato isolado seu neste tempo, neste lugar, é possível demonstrar um motivo do qual este ato, sob a pressuposição do caráter do homem, tinha de se seguir necessariamente. Mas que ele tenha tal caráter, que ele queira em geral, que dentre tantos motivos exatamente este e não outro, sim, que algum tipo de motivo movimente a Vontade, eis aí algo ao qual não se pode fornecer fundamento algum. Aquilo que para cada homem é seu caráter infundado, pressuposto em qualquer explanação de seus atos a partir de motivos, é para cada corpo orgânico precisamente sua qualidade essencial, seu modo de atuar, cujas exteriorizações são ocasionadas por ação vinda de fora, enquanto a qualidade essencial mesma, ao contrário, não é determinada por coisa alguma externa a si, portanto é inexplanável. Suas exteriorizações isoladas, únicas pelas quais se torna visível, estão submetidas ao princípio de razão; ela mesma, no entanto, é sem-fundamento. Em essência isso foi corretamente reconhecido pelos escolásticos, que a designaram forma substantialis (Cf. Suarez, Disput, metaph., disp. XV, sect. 1).

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