Preciosismo literário

Antonio Machado, Machado2002

Evite o preciosismo literário, que é o pior inimigo da originalidade. Considere que está a escrever numa língua madura, alimentada pelo folclore e pela sabedoria popular, que foi o solo sagrado de onde Cervantes retirou a criação literária mais original de todos os tempos. Não se esqueçam, porém, que o “preciosismo”, que persegue a originalidade frívola por si mesma, pode ter razão contra vós se não cumprirdes o dever primordial de pôr o duplo selo da vossa inteligência e do vosso coração no material que lavrais. E terá ainda mais razão se mergulhardes no barbarismo purista, que pretende alcançar algo simplesmente por rejeitar o universal.