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onipresença

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Incorruptível, o Deus judaico-cristão é suprassensível e sustenta com a sua graça a permanência dos seres no tempo que ele mesmo criou. Ora, se entre os gregos cada filósofo descrevia o princípio metaempírico dos entes de modo diferente, o que possibilitava contradições entre os mesmos, com o Deus cristão todos os princípios metafísicos convergem para um único princípio do mundo: o próprio Deus. Ao mesmo tempo, a onipresença de Iahweh, que significava o fato de ele relacionar-se sempre com o ser humano independentemente de onde ele se situava, com o apoio da metafísica grega, passa a ser um atributo divino: Deus transpassa tudo e todos. Porquanto este Deus não somente sustenta o mundo, mas fornece leis que devem ser obedecidas para que os homens possam dispor de uma saudável relação com ele, além de serem dignos da vida feliz (beatitude), a sua onipresença passa a ganhar contornos morais: em todo lugar ele nos vê e nos exige obediência à sua Lei Eterna, como pensou Agostinho, por razões já expostas. Por isso, Nietzsche   pôde explicitamente dizer que Deus se identifica com “todos os conceitos elevados, o ser, o incondicional, o Bem, o verdadeiro, o perfeito”. Nessa mesma passagem, já citada na introdução, Nietzsche chega a dizer que Deus é um “conceito estupendo”, pois ele sintetiza todo o universo metaempírico. Essa convergência entre Deus e suprassensível só foi possível porque este Deus é o Deus cristão. [MARQUES CABRAL  , Alexandre. Niilismo e Hierofania I. Rio de Janeiro: Mauad, 2014, p. 114-115]


LÉXICO: onipresença