Filosofia – Pensadores e Obras

mônada

(lat. monas; in. Monad; fr. Monade, al. Monade; it. Monadé).

Por ter significado diferente de Unidade , esse termo designa uma unidade real inextensa, portanto espiritual. Giordano Bruno foi o primeiro a empregar esse termo nesse sentido, concebendo a mônada como o minimum, como unidade indivisível que constitui o elemento de todas as coisas (De minimo, 1591; De Monade, 1591). O termo foi retomado no mesmo sentido pelos neo-platônicos ingleses, especialmente por H. More, que elaborou o conceito das “mônada físicas”, inextensas, portanto espirituais, como componentes da natureza (Enchiridion Metaphysicum, 1679, I, 9, 3). A partir de 1696, Leibniz lançou mão desse termo para designar a substância espiritual enquanto componente simples do universo. Segundo Leibniz, a mônada é um átomo espiritual, uma substância desprovida de partes e de extensão, portanto indivisível. Como tal, não pode desagregar-se e é eterna; só Deus pode criá-la ou anulá-la. Cada mônada é diferente das outras, pois não existem na natureza dois seres perfeitamente iguais (v. identidade dos indiscerníveis). Toda mônada constitui um ponto de vista sobre o mundo, sendo, portanto, todo o mundo de determinado ponto de vista (Monad., 1714, § 57). As atividades fundamentais da mônada são a percepção e a apetição, mas as mônada têm infinitos graus de clareza e distinção: as providas de memória constituem as almas dos animais, e as providas de razão constituem os espíritos humanos. Mas a matéria também é constituída por mônada, ao menos a matéria segunda, já que a matéria primeira é a simples potência passiva ou força inercial (Op., ed. Gerhardt, III, pp. 260-61). A totalidade das mônada é o universo. Deus é “a unidade primitiva ou substância simples originária; todas as mônada, criadas ou derivadas, são suas produções e nascem, por assim dizer, por fulguração contínua da divindade, de momento em momento” (Monad., § 47).

As características dessa doutrina de Leibniz reaparecem sempre que os filósofos recorrem ao conceito de mônada, e estão substancialmente presentes nas doutrinas metafísicas do espiritualismo contemporâneo. Atente-se para o sabor leibniziano do seguinte trecho de Husserl: “A constituição do mundo objetivo comporta essencialmente uma harmonia de mônada, mais precisamente uma constituição harmoniosa particular em cada mônada e, por conseguinte, uma gênese que se realiza harmoniosamente nas mônada particulares” (Cart Med., § 49) (v. espiritualismo). [Abbagnano]


A substância simples dotada de tendência e percepção, no sistema de Leibniz. — De maneira geral, toda consciência individual é uma mônada, pelo fato de ter desejos e um ponto de vista original sobre o mundo. [Larousse]


a) Na biologia é um pequeno protozoário flagelado que possui um só flagelo.

b) Na filosofia é a unidade individual, independente, que possui ao mesmo tempo as características da matéria e do espírito. O termo era empregado pelos pitagóricos no sentido de monas.

c) Leibniz tornou-se conhecido através de sua teoria monadológica, assim expressa: é uma substância simples, ou seja, as partes que entram nos entes compostos. Essas mônadas são verdadeiros átomos da natureza e, numa palavra, os elementos das coisas. Para Leibniz são elas impenetráveis a toda ação exterior, heterogêneas, em constante movimento e mutação, por ímpeto intrínseco, dotadas de apetição e de percepção, possuindo (algumas delas) faculdades extraordinárias. [MFSDIC]