(in. Use; fr. Usage; al. Gebrauch; it. Uso).
O ato ou o modo de empregar meios, instrumentos ou utensílios. Esse termo é usado em filosofia sobretudo com referência a instrumentos ou meios intelectuais ou com referência à própria razão. Kant falou de uso lógico da razão, por meio do qual são feitas inferências imediatas, isto é, silogísticas, e de uso puro, por meio do qual a razão se faz “uma fonte especial de conceitos e de juízos”. Este último é o uso dialético da razão (Crítica da Razão Pura, Dialética, Intr., II, B-C). Kant distinguiu também o uso teórico e o uso pratico da razão (Crítica da Razão Pura, Pref. à segunda ed.) e finalmente fez a distinção entre uso empírico dos conceitos, que significa a sua referência a objetos da experiência possível, e uso transcendental, que significa a sua referência a objetos que estão além de tal experiência.
Wittgenstein lançou mão da noção de uso para definir o significado dos termos linguísticos: “Para uma ampla classe de casos — embora não para todos — nos quais empregamos a palavra ‘significado’, ela pode ser assim definida: o significado de uma palavra é o seu uso na linguagem” (Philosophical Investigations, §43).
Os lógicos contemporâneos fazem a distinção entre uso de uma palavra e sua menção. Na frase “o homem é um animal racional”, a palavra “homem” é usada mas não mencionada. Ao contrário, a frase “em português, a tradução de man tem cinco letras”, a palavra homem é mencionada mas não usada. Finalmente, na frase “a palavra homem tem cinco letras” a palavra homem é ao mesmo tempo usada e mencionada. Este último uso foi chamado pelos escolásticos de suposição material e por Carnap de uso autônimo (Carnap, Logical Syntax of Language, § 64; Quine, Methods of Logic, § 7; Church, Introduction to Mathematical Logic, § 80). [Abbagnano]