(plur. de universal), ideias ou termos gerais que se encontram em todo conhecimento. — A “querela dos universais”, que alimenta a filosofia da Idade Média, focaliza-se na natureza das ideias gerais: são simples abstrações às quais não corresponde nenhuma realidade (“nominalismo” de Roscelin, século XI)?; têm, ao contrário uma existência real que precede e estrutura todo o conhecimento das coisas (“realismo” de Duns Scot, fim do século XIII)? A síntese dos dois pontos de vista, que correspondem ao que se denominaria atualmente “empirismo” e “racionalismo”, encontra-se exposta pelo “conceitualismo” (Abelardo, século XII), segundo o qual as ideias gerais existem no espírito antes de qualquer conhecimento, mas só se manifestam na “ocasião” de um conhecimento concreto: essa doutrina é, no fundo, a de Aristóteles .(tal como está exposta nas Segundas analíticas) e, mais tarde, a de Kant. (V. conceitualismo, nominalismo.) [Larousse]
Os universais, também chamados “noções genéricas”, ideias e entidades abstratas, contrapõem-se aos particulares ou entidades concretas; exemplos de universais são o homem, o triângulo, etc. O problema capital que se refere aos universais, e que já foi tratado por Platão e Aristóteles, mas que recebeu minuciosa dilucidação na idade média, refere-se à sua forma peculiar de existência. Trata-se de determinar que espécie de identidades são os universais e, embora pareça uma questão ontológica, teve e tem ramificações na lógica, na teoria do conhecimento e até na teologia. As questões principais que o problema dos universais suscita são as seguintes:
1. A questão do conceito (natureza e funções do conceito; natureza do individual e suas relações com o geral).
2. A questão da verdade (critério ou critérios de verdade e da correspondência do enunciado com a coisa).
3. A questão da linguagem (natureza dos signos e das suas relações com as entidades significadas). As posições principais que se sustentaram na idade média em relação a estas questões podem ser esquematizadas do seguinte modo:
– O realismo, nome que se adjudica geralmente ao realismo extremo. Segundo o mesmo, os universais existem realmente; a sua existência é, além disso, prévia à das coisas, pois se argumenta que de outro modo seria impossível alguma das coisas particulares, já que estas estão fundadas nos universais. Isto não quer dizer que os universais sejam reais como as coisas corporais ou os entes situados no espaço e no tempo. Se isto acontecesse, os universais estariam submetidos à mesma contingência que os seres empíricos e portanto não seriam universais.
– O nominalismo, que sustenta que os universais não são reais, mas que estão depois das coisas. Trata- se, portanto, de abstrações da inteligência.
– O realismo moderado, para o qual os universais existem realmente, embora só enquanto formas das coisas particulares, quer dizer, tendo o seu fundamento na coisa. A questão dos universais reapareceu na lógica contemporânea e suscitaram-se duas posições extremas que na atualidade se aproximaram muito. Os realistas extremos ou platonistas, entre os quais se encontram Russell, no começo do século, reconhecem as entidades abstratas; Os nominalistas, por seu lado, não as reconhecem. [Ferrater]