A divisão triádica gozou frequentemente de certo privilégio em filosofia. Sem falar da perfeição que os antigos pitagóricos atribuíam ao número três, Plotino reconheceu três fases da emanação, portanto três hipóstases da divindade, o Uno, o Logos e a Alma (Enn., II, 9, I). Mas foi principalmente Proclo quem privilegiou o procedimento triádico, discernindo três fases em todo e qualquer processo (ou emanação): 1) aquilo que procede permanece semelhante a si mesmo; 2) diferencia-se de si mesmo; 3) retorna para sisi mesmo (Inst. theol., 31). Sobre essas três fases da emanação Hegel moldou suas três fases da sua dialética, que consistem respectivamente: 1) na identidade de um conceito consigo mesmo; 2) na contradição ou na alienação do conceito em relação a si mesmo; 3) na conciliação e na unidade das duas primeiras fases (v. Enc, §§ 79-82). Segundo essa divisão triádica, Hegel interpretou tanto a lógica quanto a natureza e o espírito (Wissenschaft der Logik, ed. Glockner, II, pp. 340 ss.). Embora Hegel atribua a Kant o mérito dessa triadicidade dos processos racionais e — portanto — de toda a realidade (Ibid., p. 344), a justificação de Kant para o fato de suas “divisões em filosofia pura serem quase sempre triádicas” é completamente diferente e provém da lógica. Kant disse: “Se for necessário fazer uma divisão apriori, esta poderá ser: analítica, segundo o princípio de contradição, e então será feita sempre em duas partes (quodlibet ens est aut A aut non A); ou sintética, e nesse caso deverá derivar de conceitos apriori (…) e conterá 1) a condição, 2) um condicionado e 3) o conceito que nasce da união da condição com o condicionado, acabando assim por ser necessariamente uma tricotomia” (Crít. do Juízo, Intr., Nota final). [Abbagnano]