totemismo

(in. Totemism; fr. Totémisme; al. Totemismus; it. Totemismó).

Crença no totem, ou organização social fundada nessa crença. O termo totem foi extraído do idioma dos índios norte-americanos e depois passou a indicar o fenômeno (presente em todos os povos primitivos) de transformar uma coisa (natural ou artificial) em emblema do grupo social e em garantia da sua solidariedade. Foi Durkheim quem mais enfatizou esse caráter do totem, vendo nele a expressão da unidade do grupo social em sua inteireza e, portanto, nas inter-relações dos clãs em que o grupo se divide (Les formes élémentaires de la vie religieuse, 1912). Ao lado desse caráter do totemismo, A. R. Radcliffe-Brown evidenciou o seu caráter ainda mais universal, segundo o qual o totemismo constituiria “uma representação do universo como ordem moral e social”; portanto, a regulamentação da relação entre o homem e a natureza, além da regulamentação da relação entre os homens, seria um elemento universal da cultura humana (Structure and Function in Primitive Society, 1952, cap. VI). Lévi-Strauss, porém, parece reduzir o totemismo a fenômeno linguístico formal: “Aquilo que se chama de totemismo é apenas uma expressão particular, através de uma nomenclatura especial formada por nomes de animais e de plantas (ou, como diríamos, um código), que é seu único caráter distintivo, das correlações e oposições que podem ser formalizadas de outros modos: p. ex., como acontece em certas tribos das Américas, por oposições do tipo céu-terra, guerra-paz, em cima-embaixo, vermelho-branco, etc.” (Le totémisme aujourd’hui, 1962, p. 172). Por outro lado, Freud apresentou uma interpretação psicanalítica do totemismo: “Se o animal totem é o pai, então os dois principais preceitos do totemismo, de não matar o totem e de não usufruir sexualmente de nenhuma mulher do totem, coincidem substancialmente com os dois crimes de Édipo (que matou o pai e casou-se com a mãe) e com os desejos primitivos da criança, desejos cuja remoção insuficiente ou cujo despertar talvez constituam a raiz de todas as psiconeuroses” (Totem e tabu, 1913, IV, 3; trad. it., p. 146). Para uma interpretação semelhante a esta de Freud, v. J. G. Frazer, Totemism and Exogamy, 1910. [Abbagnano]


A veneração por um animal considerado como o ancestral de uma tribo e por isso honrado. — O totem é como que a bandeira de certas tribos ou certos clãs das sociedades africanas ou polinésias. Distingue-se do “fetiche”, que é o animal ou objeto que “traz sorte”. [Larousse]


É a divisão e organização social que se funda na existência de totens (vide totem). Tal sistema é chamado totêmico. [MFSDIC]