Filosofia – Pensadores e Obras

sondagem

Os princípios do método das sondagens de opinião pública foram expostos frequente e pormenorizadamente. É costume salientar dois: para conhecer as opiniões do público, temos de lhas perguntar no decurso de um interrogatório oral; não é necessário interrogar toda a população, se o fizermos com um número suficiente de indivíduos, convenientemente escolhidos para serem representativos. O esquema clássico da técnica das sondagens é sensivelmente mais complicado. Pode ser decomposto em cinco operações ou fases: 1) Amostragem, técnica da determinação dos indivíduos a interrogar. Primeiramente, determinação do número de indivíduos: em princípio, suposto que se conheça a natureza da escolha aleatória dos indivíduos, a determinação do número é uma aplicação do cálculo das probabilidades e é função do risco de erro que aceitamos correr com uma dada probabilidade Por outro lado, determinação do modo de escolha dos indivíduos. Numa sondagem clássica, o modo de escolha adotado é a amostragem proporcional: fixamos um certo número de princípios de classificações sociológicas que apresentem hipoteticamente incidências sobre as variações de opiniões e para os quais disponhamos de estatísticas objetivas da população: sexos, idades, profissões, regiões geográficas, importância da localidade, por exemplo. Os investigadores devem escolher os indivíduos de tal sorte que as proporções dos sujeitos considerados em cada categoria sejam as mesmas que na população que queremos estudar, A distribuição das tarefas por cada investigador individualmente constitui o «plano de inquérito»; 2) Questionário: é elaborado por forma a comportar um conjunto de perguntas que abranja todo o campo das opiniões que nos propomos estudar. Muitas vezes as perguntas são formuladas de tal maneira que é possível responder-lhes por sim ou por não; muitas vezes, também, o indivíduo pode escolher entre várias possibilidades de respostas; acontece igualmente que as perguntas são abertas, quer dizer, o indivíduo pode responder livremente, com quantas palavras quiser e até colocando-se em pontos de vista que se deixam à sua discrição; 3) Entrevistas: os investigadores interrogam cada indivíduo pessoalmente, sozinhos, e garantindo-lhe o anonimato; foram previamente instruídos sobre a maneira de interrogar, e nomeadamente prevenidos contra a tentação de discutir com o indivíduo, de lhe sugerir a resposta ou de o ajudar de uma maneira qualquer; 4) Apuramento: as respostas às questões abertas são codificadas, quer dizer, classificadas num certo número de categorias elaboradas a posteriori, escolhidas como logicamente significativas em relação ao objeto do inquérito; são depois transcritas para documentos mecanográficos, por meio dos quais serão separadas e contadas; a análise mecanográfica desce habitualmente ao nível das diversas categorias sociológicas que constituem o quadro das variações de opiniões e é completada pela pesquisa das combinações significativas de respostas às diferentes perguntas que é possível sobrepor. O resultado das diversas separações e contagens mecanográficas apresenta-se habitualmente na forma de percentagens de respostas; 5) Interpretações: os quadros de proporções obtidos desta sorte são, por fim, interpretados em termos que não são geralmente quantitativos, em relação aos problemas que tinham guiado a organização do inquérito; a interpretação é às vezes auxiliada pela posse de documentos anteriores numerados, o que permite discernir o sentido da evolução das opiniões durante um período mais ou menos longo e a intervalos mais ou menos próximos.

J. Stoetzel, «La connaissance des opinions», in Traité de Psychologie Appliquée, t. i, 1960, pp. 309-310.