(gr. symballein, in. symbol; fr. symbole; al. Symbol; it. símbolo).
Na antiga Grécia, quando um senhor recebia a visita de um hóspede, como sinal de afeição, costumava dar-lhe um objeto que servisse de sinal de reconhecimento. Era comum, entre os amigos, partirem uma moeda pelo meio, cabendo uma parte a cada um, que servia como um sinal de amizade. Costumava-se também usar desse meio para reconhecer pessoas, depois de uma longa separação. Usavam sinais os pais quando tinham de separar-se dos filhos por longo tempo. A tais meios os gregos davam o nome genérico de symbolon. Todo o sinal convencionado, tomava o nome de símbolo, como também as insígnias dos deuses, os emblemas, os presságios, augúrios e, inclusive, as convenções internacionais e comerciais que se faziam na época.
A palavra símbolo, symbolon, neutro, vem de symbole, que significa aproximação, ajustamento, encaixamento, cuja origem etimológica é indicada pelo prefixo syn, com, e bolê, donde vem o nosso termo bola, roda círculo. Referia-se deste modo à moeda usada como sinal. Os gregos usavam o termo num sentido amplíssimo, abrangendo todo o campo do que chamamos propriamente de sinal, isto é, o que aponta, convencionalmente ou não, a um outro, que é referido por aquele. Podemos, no entanto, captar uma formalidade que pertence univocamente a todos símbolos e sinais: a referência a um outro, em suma, o apresentar-se em lugar de outro. Podemos partir deste enunciado simples, ainda insuficiente, que símbolo é alguma coisa que está em lugar de … A palavra, em sua origem grega, também significa substituição, e o símbolo é algo que substitui. Todo símbolo, portanto, revela uma referência a um outro.
Não se deve, pois, confundi-lo com:
Divisa – figura que indica uma intenção, distintivo de alguns brasões, armas, ideal de um partido, etc.; com
Empresa – o sinal que os cavaleiros usavam, pintados em seus escudos, com um relato do passado; nem com
Tenção – sinal alusivo ao pensamento do que se pretende fazer, como também os usavam os cavaleiros; com
Mostra – a manifestação de uma parte de uma coisa e não da sua totalidade; nem com
Indício – algo que aponta, leva ao conhecimento, como as nuvens que indicam chuva, etc.
Sinal é tudo o que nos aponta outra coisa com a qual tem relação natural ou convencional. Ora, se o símbolo está em lugar é ele um sinal. Podemos dizer que sinal é o gênero, e símbolo é a espécie. Deste modo, se todo símbolo é sinal, nem todo sinal é símbolo. O sinal pode ser apenas convencional, arbitrário. O símbolo, não. Este deve repetir analogicamente algo do simbolizado. Portanto o símbolo é um sinal com a repetição de alguma nota do simbolizado. Como a analogia pode ser de atribuição intrínseca ou extrínseca, temos, no segundo caso, a metáfora e, no primeiro, o símbolo. O sinal é um significante que pode ser arbitrário ou convencional, ou indicante por correlação, enquanto o símbolo é apenas um significante motivado, representando uma semelhança intrínseca com o significado.
Símbolo é tudo quando está em lugar de outro, sem acomodação atual à presença desse outro, com o qual tem ou julgamos ter qualquer semelhança (intrínseca por analogia), e por meio do qual queremos transmitir ou expressar essa presença não atual. [MFSDIC]