gr. μίμησις (mimesis)
Como se podem fazer «de algum modo» [τρόπω τινι significa sem que se proceda a um verdadeiro acompanhamento do modo como elas foram feitas, vieram a ser.] todas as coisas? Se, por exemplo, virarmos um espelho para todo o lado, podemos fazer o sol, as coisas que se encontram no céu, a terra, nós mesmos, e bem assim todos os outros animais, todas as peças de mobiliário, todas as plantas. Tudo em geral. Mas esta forma de produzir tudo não é nenhuma produção. É apenas uma mera «reprodução» da forma como as coisas nos surgem [República, 596e4]. Ao fazermos incidir um espelho sobre qualquer coisa, uma cama e uma mesa, por exemplo, «repetimo-la», obtendo dela um reflexo, uma espécie de retrato que «vive» contemporaneamente do que nele está a ser espelhado.
A pergunta platônica pela possibilidade de podermos «reproduzir» todas as coisas leva à identificação do acesso da reprodução imitadora (μίμησις) como dando aquele acesso em que habitualmente estamos instalados, sem que de tal, porém, nos apercebamos [Rep., 596d4]. [CaeiroArete:59-60]