Filosofia – Pensadores e Obras

mimese

gr. mímêsis / mimesis. Conceito central da estética antiga: a arte (techne), diz Aristóteles, imita a natureza. No plano estético, esta imitação tem por objeto caracteres, paixões e ações (Poét., I): a mimese é a representação mais que a reprodução. Enquanto ela visa a inteligibilidade, tem por conteúdo o universal (Poét. 9). Disto que a arte imita a natureza, Platão tirou, em oposição, uma condenação da poesia: a natureza sensível não sendo ela mesma senão uma imitação do inteligível, a arte é ainda mais longe da verdade. Superior à mimese é o relato, que evita ao espectador a contaminação das paixões representadas. Mas esta análise implica um estatuto ambivalente da mimese: posto que o sensível imita o inteligível, é a mimese que lhe confere realidade e valor e faz dele um kosmos ordenado e belo (Timeu 39e). Plotino não reterá senão a conotação positiva da mimese. [Notions Philosophique]


a) Termo grego mimesis, que significa a ação de imitar, de copiar. Muito empregado pelos pitagóricos que afirmavam que as coisas copiam os arithmoi. (Vide arithmos). Na filosofia platônica, na fase final, que é genuinamente pitagórica, a imitação confunde-se com a participação. Esta implica a presença de uma formalidade em grau intensistamente menor em um ser causado, que imita proporcionadamente à sua natureza, a perfeição que pertence a outro ser, que a tem em plenitude. Neste sentido é que se diz que todas as coisas foram feitas à semelhança de Deus porque, sendo as perfeições positividades, estas têm sua origem no Ser Supremo, fonte originaria e criadora de todos os seres. Nenhuma perfeição pode vir do nada, pois, neste caso, o nada seria alguma coisa e não propriamente nada.

b) Emprega-se também o termo mimese no sentido da imitação. Esta, na psicologia, caracteriza-se pela reprodução de um fenômeno psíquico anterior. Há assim imitação consciente quando o que imita sabe que imita. Há sugestão imitativa quando não há consciência da imitação que é provocada. Há imitação de si mesmo, há imitações simples, quer surgem de um primeiro esforço, e perseverantes as que exigem esforços repetidos. Há ademais imitação instintiva e involuntária.

c) Na estética a imitação é a teoria geral de que a criação artística, em seus primórdios, foi meramente imitativa e a obra de então apenas representava os fatos. Posteriormente, descobrindo o artista na obra imitativa formas e novos valores, realizou a criação estética desses valores, o que representa um estágio superior. No expressionismo a imitação é servil, enquanto no impressionismo está marcada pelos valores momentâneos do artista. [MFSDIC]