Filosofia – Pensadores e Obras

máquina

Conjunto de mecanismos combinados, destinado a produzir um efeito determinado quando recebe uma impulsão apropriada. O termo “máquina” é uma transcrição do grego mekane. Aristóteles definiu a máquina como uma artimanha que permite sair de uma situação onde se é vítima de forças naturais superiores; ela é o que permite “ao menor dominar o maior” (Mechanica, 847 a 22). e, por exemplo, equilibrar grandes pesos com a ajuda de pequenas forças. Aristóteles reúne todos os procedimentos mecânicos em cinco casos de figura simples que combinam diversas propriedades do círculo: o círculo é com efeito pensado como meio de retornar uma grande força contra ela mesma, e constitui nisto o elemento principal da máquina. Assim, a arte que está operando na máquina é uma arte vizinha da sofística, definida como arte de retornar um argumento contra ele próprio. A máquina não é pensada como aplicação técnica dos princípios da ciência; ela é concebida frequentemente na ignorância do cálculo racional das forças que põe em operação. A máquina é um expediente, extraordinário e mágico, que permite artimanhas com as potências naturais e exercer momentaneamente um domínio sobre estas últimas. Ela é portanto, sobretudo para os gregos, um objeto de inquietude e de espanto. Já não é o caso para Lucrécio: seu uso metafórico do termo “máquina” para designar o mundo (De natura rerum, V, 96) testifica o papel de modelo cosmológico que começa a ter a máquina na compreensão científica da natureza. A Idade Média vê se desenvolver este uso da noção de máquina; a invenção do relógio dá uma nova força à modelização: o relógio vai ser escolhido como modelo arquetípico de toda máquina servindo para descrever as leis que regem o mundo físico. No entanto, o modelo do relógio serviu antes à cosmologia teológica para depois ser útil à ciência astronômica. Com efeito, a regularidade das leis do mundo, assimilada a uma ordem mecânica, é a princípio pensada como o produto da sabedoria de um autor: assim, da mesma forma que a máquina é referenciada à inteligência humana que a concebe, o mundo é referenciado analogicamente à sabedoria divina (Nicolas Oresmo, Livro do céu e da terra, 1377). No entanto, o modelo da máquina desempenhou certamente um papel heurístico nas ciências. [Notions philosophiques]