Filosofia – Pensadores e Obras

limite

(gr. peras; lat. Limes; in. Limit; fr. Limite; al. Grenze; it. Limite).

Aristóteles distinguiu e enumerou perfeitamente os diferentes significados desse termo (Met., V, 17, 1022 a 4 ss.), que são os seguintes:

1) O último ponto de uma coisa, ou seja, o primeiro ponto além do qual não existe parte alguma da coisa e aquém do qual estão todas as partes dela. Hoje esse conceito é expresso dizendo-se que o limite é um ponto que não pode ser atingido; ou que é uma grandeza tal que a diferença entre ela e os elementos da série infinita a que pertence é ou permanece inferior a qualquer grandeza atribuível (cf. Peirce, Coll. Pap., 4.117; Jorgensen, A Treatise of Formal Logic, III, pp. 87 ss.).

2) A forma de uma grandeza ou de uma coisa que possui grandeza.

3) O término: tanto o terminus ad quem, ou ponto de chegada, quanto, por vezes, o terminus a quo, ou ponto de partida.

4) A substância ou essência substancial de uma coisa, visto ser esse o limite de conhecimento da coisa, portanto da própria coisa. Nesse sentido, limite significa condição. Para Aristóteles, a condição do conhecimento e do ser da coisa é a substância ou essência necessária.

O primeiro significado do termo está ligado ao uso que Kant fez dessa palavra: “Nos seres extensos, limite sempre pressupõe um espaço que está além de certa superfície determinada e que a inclui em si; a fronteira, porém, não precisa disso, mas é a negação pura que qualifica uma grandeza, porquanto não é uma totalidade absoluta e perfeita. Ora, de algum modo nossa razão vê em torno de si um espaço para o conhecimento das coisas em si, ainda que nunca possa ter conceitos determinados sobre elas e se limite puramente aos fenômenos” (Prol., § 57). Neste sentido, Kant denominou conceito-limite o conceito de númeno, que serve “para circunscrever as pretensões da sensibilidade, sendo, pois, de emprego puramente negativo” (Crít. R. Pura; Anal. dos princ, cap. 3; cf. coisa em si). O que possui limite, nesse sentido, é finito no significado 4 do termo. [Abbagnano]


A linha que marca o fim de uma extensão. Barreira de uma ação, de um poder. — Kant definiu a filosofia como uma crítica de nosso conhecimento, isto é, um pensamento de seus limites: o conhecimento não pode se exercer no vazio, é-lhe necessário um objeto real; por isso não há conhecimento metafísico. Fichte alargou essa investigação e determinou os limites últimos do “pensamento” reflexivo e filosófico. Rigorosamente, distingue-se o limite, que é uma limitação de direito (nesse sentido, a filosofia kantiana é um “pensamento dos limites” [em alem. Grenze]), e a barreira (em alem. Schranke), que é uma limitação de fato, acidental e suscetível de ser superada. [Larousse]