Filosofia – Pensadores e Obras

intuicionismo

(in. Intuitionism; fr. Intuitionnisme; al. Intuitionismus; it. Intuizionismó).

Com este termo são indicadas atitudes filosóficas ou científicas diversas, que têm em comum o recurso à intuição no sentido mais geral do termo. Em particular, relacionam-se sob o nome de intuicionismo as seguintes correntes:

1) a filosofia escocesa do senso comum, por admitir que a filosofia se fundamenta em certas verdades primitivas e indubitáveis, conhecidas por intuição (v. senso comum);

2) a doutrina de Bergson, segundo a qual a intuição é o órgão próprio da filosofia;

3) a doutrina de N. Hartmann e de Scheler, segundo a qual os valores são objeto de uma intuição que se identifica com o sentimento (v. valor);

4) a corrente matemática fundada por L. E. J. Brouwer, inspirada nas ideias de L. Kronecker (1923-91), para quem o conceito de número natural fora dado à intuição humana, afirmando que os números naturais foram feitos por Deus e os outros pelo homem. As teses típicas do intuicionismo de Brouwer são as seguintes: 1) a existência dos objetos matemáticos é definida pela sua possibilidade de construção: por isso, só “existem” entes matemáticos que possam ser construídos; 2) o princípio do terceiro excluído não é válido para proposições em que haja referência a grandezas infinitas; 3) as definições impredicativas não são válidas. A rejeição do princípio do terceiro excluído implica a rejeição da dupla negação, portanto do método da prova indireta. Este método, entretanto, fundamenta a corrente formalista da matemática, patrocinada por Hilbert; segundo essa concepção, para estabelecer a existência de uma entidade matemática basta a demonstração de que ela não implica contradição (cf. A. Heyting, Mathematische Grundlagenforschung, Intuitionismus und Beweistheorie, Berlim, 1934). [Abbagnano]


Designa aquelas orientações que no conhecimento humano atribuem o papel principal à “intuição”, superestimando, na maioria dos casos, seu valor cognoscitivo ou concedendo ao homem modos de conhecer que ultrapassam as possibilidades de sua natureza. Por “intuição” não se entende aqui a intuição ou visão no sentido habitual, mas sim operações cognitivas superiores que real ou presumivelmente se abeiram da imediatidade e plenitude de uma intuição espiritual. Uma aproximação desta espécie encontra-se, p. ex., na “visão conjunta” criadora de vastas conexões, tal como de modo especial se dá, por vezes repentinamente, em pessoas adequadamente dotadas; tal intuição pressupõe, via de regra, um demorado convívio intelectual com o objeto e deve posteriormente ser justificada pelo pensamento metódico. — Uma forma peculiar do intuicionismo é o Ontologismo, que falsamente admite uma visão natural de Deus. Outros pensadores, como Platão, falam de uma visão intelectual, para a qual o homem deve estar habilitado por ideias inatas. Modernamente, o intuicionismo une-se amiúde com o irracionalismo, quando admite uma apreensão irracional ou emocional imediata da realidade supra-sensível; assim, p. ex., em Bergson e Scheler. — De Vries. [Brugger]