Filosofia – Pensadores e Obras

interesse

(in. Interest; fr. Intérêt; al. Interesse; it. Interesse).

Participação pessoal numa situação qualquer e a dependência que dela resulta para a pessoa interessada. Trata-se de um conceito moderno que Kant utiliza no domínio da estética, com a finalidade de afirmar o caráter “desinteressado” do prazer estético: “Chama-se de interesse o prazer que associamos à representação da existência de um objeto. Esse prazer tem sempre relação com a faculdade de desejar, seja como causa determinante dele, seja como necessariamente atinente a tal causa. Mas quando se trata de julgar se uma coisa é bela, não queremos saber se sua existência importa ou pode vir a importar para nós ou para qualquer pessoa; só queremos saber como julgá-la ao contemplá-la” (Crít. do Juízo, § 2). Hegel, por sua vez, ao definir o interesse como “o momento da individualidade subjetiva e de sua atividade”, entendia com isso a presença do sujeito na ação (Enc., § 475). A noção de interesse foi utilizada sobretudo em pedagogia, como participação do educando no saber, graças à qual o saber se lhe afigura útil. Essa foi uma das regras propostas para a educação em Emílio de Rousseau. Mas foi Herbart quem utilizou sistematicamente a noção de interesse, indicando como fim da educação a plurilateralidade dos interesses. Segundo Herbart, o interesse está no meio, entre ser espectador dos fatos e neles intervir; em outros termos, é uma participação ainda não totalmente ativa ou engajada. O interesse também se distingue do desejo porque, enquanto o objeto deste último ainda não existe, o objeto do interesse já está presente e real (Allgemeine Pädagogik, 1873, II, 1, 2, § 3). Dos pedagogos contemporâneos foi Dewey quem mais insistiu na valor do interesse, definindo-o como “o acompanhamento da identificação, através da ação, do eu com algum objeto ou ideia, através da necessidade de tal objeto ou ideia para a manutenção da auto-expressão” (Educational Essays, ed. por J. J. Findlay, p. 89). Desse ponto de vista, o esforço, que, em pedagogia, às vezes se costuma contrapor ao interesse, implica uma separação entre o eu e o objeto que deve se aprendido ou dominado. Segundo Dewey, os caracteres do interesse são a atividade, a projetividade e a propulsividade. Pelo primeiro, o interesse é dinâmico, impele à ação. Pelo segundo, o interesse tem objetivo fora de si, em algum objeto ou finalidade à qual se apega. Pelo terceiro, interesse significa realização interna ou sentimento de valor (Ibid., pp. 90-91). Essa concepção do interesse, que é um dos pontos focais da pedagogia de Dewey, exerceu forte influência sobre a teoria e a prática da educação em todos os países do Ocidente. [Abbagnano]