Filosofia – Pensadores e Obras

imagem

(gr. phantasma, phantasia; lat. imago; in. Image; fr. Image; al. Einbildung; it. Immaginé).

Semelhança ou sinal das coisas, que pode conservar-se independentemente das coisas. Aristóteles dizia que as imagem são como as coisas sensíveis, só que não têm matéria (De An., III, 8, 432 a 9). Neste sentido a imagem é: la produto da imaginação ; 2B sensação ou percepção, vista por quem a recebe. Neste segundo significado, esse termo é usado constantemente tanto pelos antigos quanto pelos modernos. Os estoicos distinguiam os dois significados empregando duas palavras diferentes: denominavam imaginação (phantasma) a imagem que o pensamento forma por sua conta, como acontece nos sonhos, e imagem (phantasia) a marca que a coisa deixa na alma, marca que é uma mudança da própria alma. A imagem propriamente dita é “aquilo que é impresso, formado e distinto do objeto existente, que se conforma à sua existência e por isso é o que não seria se o objeto não existisse” (Dióg. L., VII, 50). Desse ponto de vista, as imagem podem ser sensíveis e não sensíveis (como as das coisas incorpóreas); racionais ou irracionais (como as dos animais) e artificiais ou não artificiais (Dióg. L., VII, 51). Conceito igualmente geral da imagem era o dos epicuristas, que admitiam a verdade de todas as imagem porquanto produzidas pelas coisas: pois o que não existe não pode produzir nada (Dióg. L., X 32).

Esses conceitos passaram para a Idade Média e foram utilizados com fins teológicos, para esclarecer a relação entre a natureza divina e a humana (cf., p. ex., S. Thomás, S. Th., imagem q. 95). Na filosofia moderna, foram retomados por Bacon (De augm. scient., II, 1, § 5) e Hobbes; para este, a imagem “é ato de sentir e só difere da sensação assim como o fazer difere do fato” (De corp., 25, § 3). Mas, em filosofia, o termo L, em seu significado geral, começou a perder terreno para ideia , em Descartes, e representação), em Wolff. A preferência por esses dois termos persiste na filosofia contemporânea, que só lança mão do termo imagem, em seu 2° significado, quando quer acentuar o caráter ou a origem sensível das ideias ou representações de que o homem dispõe. É o que faz, p. ex., Bergson: “Vamos fazer de conta, por um instante, que nada sabemos das teorias sobre a matéria e sobre o espírito, que nada sabemos sobre as discussões acerca da realidade ou da idealidade do mundo externo. Estaremos então em presença da imagem no sentido mais vago em que se possa tomar essa palavra, imagem percebidas quando abro meus sentidos, não percebidas quando os fecho” (Matière et mémoire, cap. 1). [Abbagnano]


(do lat. imago, imaginis, da raiz im, dentro).

consciência de um objeto ausente ou inexistente (a imagem se opõe à “percepção”, que é a representação de um objeto presente). — Procurou-se frequentemente distinguir as imagens das representações reais, invocando a complexidade e coerência dessas últimas. Esses critérios permanecem muito discutíveis. Sartre, inspirando-se em Moreau de Tours e em certas análises de Alain, deu-nos, em O imaginário, uma descrição definitiva, e destacou as quatro características fundamentais da representação de uma imagem: 1.° A imagem é uma “consciência” e não o conteúdo de uma representação, isto é, a imaginação é uma atitude do homem; 2.° A imagem caracteriza-se pelo fenômeno de “quase-observação”. Crê-se observar, mas não se observa. Por ex., cada um de nós pode representar a imagem do Panthéon; contudo, se nos é pedido que observemos a imagem e contemos as colunas que guarnecem sua fachada, ninguém consegue fazê-lo. A imagem não nos traz, então, nada de novo: não é uma observação real; 3.° “A consciência imaginante coloca seu objeto como um puro nada”; o homem que imagina sabe que o objeto de sua representação não existe; 4.° A espontaneidade da imagem, sua independência em relação à vontade, é sua última característica fundamental: não se representa o que se quer e quando se quer; no sonho, que constitui o exemplo de “consciência imaginante” por excelência, o sujeito é absolutamente passivo: recebemos nossos sonhos na ausência de qualquer intervenção da vontade. [Larousse]


Reprodução das qualidades sensoriais que permanecem e podem ser rememoradas pela mente do que foi percebido pelos sentidos, quando se dá a ausência da estimulação sensória. Mostra a origem etimológica desse termo, a presença na mente de algo que se deu em nossos sentidos, ou por eles foram captados. Quando essas imagens são associadas e com elas, total ou parcialmente, se constroem outras imagens, temos a imaginação criadora. Lalande diz que encontramos o termo imago em Bacon, mas antes já entre os romanos era usado nesse sentido técnico, e o foi durante toda a Idade Média. Ele critica os dicionários que, anteriormente ao seu, não consignavam o sentido técnico psicológico do termo, além de afirmar que só com Malebranche começou a ter o sentido que está em seu Vocabulaire. Contudo na Summa Theologica de Tomás de Aquino o termo já era empregado no sentido por ele alegado.


É usual chamar imagens às representações que temos das coisas. Em certo sentido, os termos imagem e representação têm o mesmo significado. Podem empregar-se deste modo os termos elemento e imagens para designar as representações enviadas pelas coisas aos nossos sentidos. Assim, Epicuro indica na sua Carta a Heródoto que as imagens ultrapassem em finura e subtileza os corpos sólidos e possuem também mais mobilidade e velocidade que eles, de tal modo que nada ou muito poucas coisas detêm a sua emissão. Não afetam apenas o sentido da vista, mas também os ouvidos e o olfato; as sensações experimentadas por estes são causadas deste modo por irradiações das imagens.

O conceito de elemento tem sido usado com muita frequência em psicologia. Na maior parte das ocasiões, tem-se entendido a cópia que um sujeito possui do objeto externo. Embora as opiniões sobre o modo como se produz tal cópia, e ainda a natureza da mesma, tenham variado muito através das épocas, tem havido uma suposição constante em quase todas as teorias sobre a elemento psicológica: a de que se trata de uma forma da realidade interna que pode ser contrastada com outra forma da realidade externa. A mencionada doutrina dos epicuristas acerca dos simulacros, as teses escolásticas sobre a natureza das espécies inteligíveis, e muitas teorias psicológicas modernas têm tentado explicar psicofisiologicamente a aparição das imagens não diferem entre si consideravelmente. [Ferrater]