Filosofia – Pensadores e Obras

éter

(gr. aither; lat. Aether; in. Ether; fr. Éther; al. Ether; it. Eteré).

Este termo, que Empédocles usou (Fr, 100.5, Diels) como equivalente a ar e Anaxágoras (Fr, 15, Diels) como equivalente a fogo, foi empregado por Aristóteles para indicar a substância que compõe os céus e que, por não ser gerada, por ser incorruptível e inalterável, distingue-se dos quatro elementos que constituem as coisas sub-lunares. Aristóteles atribui o uso desse termo, que considera o mais adequado para indicar os céus como sede da divindade, a uma tradição muito antiga: “Os homens, querendo indicar que o primeiro corpo é algo diferente da terra, do fogo, do ar e da água, chamaram a região superior pelo nome de éter, pelo fato de ‘sempre correr’ para a eternidade do tempo. Anaxágoras, porém, entendeu mal o nome, confundindo o éter com o fogo” (De coel., I, 3, 270 b 20). Posteriormente o E. foi chamado de “quinto corpo”, “quinta substância” ou “quinto elemento” (Placit., I, 3, 22; 2, 25, 7; 2, 6, 2). Com o mesmo sentido atribuído por Aristóteles, essa palavra é mencionada em Epinômides, atribuído a Platão (981 c, 984 b). Os estoicos identificaram o éter com o fogo de Heráclito, dando-lhe, porém, a mesma função e a mesma dignidade atribuída por Aristóteles. “Acima de todos está o fogo, que chamam de éter, que constitui tanto a primeira esfera imóvel dos céus como as outras esferas móveis” (Diógenes Laércio, VII, 137). Cícero ilustrava da seguinte maneira essa teoria estoica: “Do éter surgem inumeráveis astros chamejantes dos quais o primeiro é o Sol, que tudo ilumina com sua luz esplendorosa e é muitas vezes maior e mais extenso do que a Terra inteira, e depois os outros astros de incomensurável grandeza” (De nat. deor., II, 36, 92; Acad., I, 7, 25). Essa noção não foi alterada na tradição medieval, enquanto se acreditou na diferença de natureza entre substância celeste e substância sublunar, o que foi negado, pela primeira vez, por Nicolau de Cusa (De docta ignor., II, 12).

No início do séc. XIX, Fresnel restaurou o uso desse substantivo para designar um hipotético meio elástico que daria sustentação às ondas luminosas. A hipótese do éter foi mantida em física até ser superada pela teoria da relatividade geral. [Abbagnano]