(in. Effort; fr. Effort; al. Streben; it. Sforzó).
Atividade tendente a vencer um obstáculo ou uma resistência qualquer. Essa noção foi introduzida em filosofia por Fichte, que a utilizou para mostrar que a realidade deriva do Eu: “A atividade pura do eu, reentrando em si mesma, em relação a um objeto possível é um esforço; aliás, um esforço infinito. Esse esforço infinito é ao infinito a possibilidade de todo objeto: sem esforço, não há objeto” (Wissenschaftslehre, 1794, § 5, II; trad. it., pp. 213-14). Maine de Biran valeu-se dessa noção e identificou com a experiência imediata do esforço tanto o princípio metafísico de causalidade quanto a liberdade do eu. Tomado na origem, esforço é liberdade, ou seja, o eu como liberdade; em face da resistência que se lhe opõe, é necessidade (Fondements de la psychologie, em OEuvres, ed. Naville, II, p. 284). Pode-se considerar esse conceito como uma continuação do conceito mais antigo de conato. [Abbagnano]
Posta a substância absoluta da alma com certos atributos ou faculdades (ainda que fosse só o de sentir) que lhe são inerentes, quer receba esta substância as ideias de Deus no momento de sua criação, quer lhe venham por sensação do mundo exterior, acontece que sempre é passiva sua receptividade; e o entendimento humano será considerado, desde seu começo até o último período de seu desenvolvimento, só do mesmo ponto de vista de passividade original; porque, de onde viria um princípio de atividade que não faz parte de sua natureza ou de sua constituição primitiva? Encontramos atualmente em nosso espírito a ideia de substância; não é porém nada difícil de provar que esta noção relativa é uma noção muito afastada dos fatos primitivos. Encontramos também gravada, muito profundamente, em nós, a noção de causa ou de força; mas é anterior à noção o sentimento imediato de força, e este sentimento não é outra coisa que o de nossa mesma existência, da qual é inseparável o da atividade. Porque não nos podemos conhecer como pessoas individuais sem nos sentirmos causas relativas a certos efeitos ou movimentos produzidos no corpo orgânico. A causa ou força atualmente aplicada a mover o corpo, é uma força agente que chamamos vontade: o eu identifica-se por completo com esta força agente. Mas a existência da força não é um fato para o eu senão enquanto este se exerce, e só se exerce enquanto pode aplicar-se a um termo resistente ou inerte. A força só está, pois, determinada ou atualizada quando em relação com seu termo de aplicação, do mesmo modo que este não está determinado como resistente ou inerte sem que entre em. relação com a força atual que o move ou tende a imprimir-lhe movimento. O fato desta tendência é o que chamamos esforço ou ação querida ou volição, e eu afirmo que este esforço é o verdadeiro fato primitivo do sentido íntimo. Somente ele reúne todos os característicos e preenche todas as condições anteriormente analisadas.
(Essai sur les fondements de la psychologie et sur ses rapports avec l’étude de la nature, Introd. geral, II.) [Maine de Biran]