Filosofia – Pensadores e Obras

Demócrito

DEMÓCRITO, filósofo grego (c. 460 370 a.C.), cujo materialismo e cujo atomismo inspiraram os de Epicuro e de Lucrécio. Concebeu a natureza como um perpétuo movimento de “átomos”, ou partículas indivisíveis e eternas, cujas combinações produziriam os mais diversos corpos. Mesmo o conhecimento que temos das coisas, seria devido à emissão, pelos objetos, de substâncias muito finas que atuariam sobre nossos sentidos. Demócrito foi considerado o precursor da teoria atômica. (V. otomismo.) [Larousse]


Demócrito de Abdera, na Trácia, fundador — com Leucipo — da teoria atomista, viveu no século V e significou, sobretudo no fim de sua longa vida, uma prefiguração do “sábio” que iria dominar na filosofia e na vida grega da época helenística. Para a física materialista de Demócrito, tudo, inclusive a alma, compõe-se de átomos, partículas materiais indivisíveis, que se reúnem e separam em virtude de um movimento mecânico. É conhecida a ampla difusão desta doutrina no epicurismo, e sua exposição poética no poema de Tito Lucrécio Caro, De rerum natura. Em Demócrito, a visão do homem apresenta-se sobretudo de um ponto de vista moral, como preocupação pela felicidade. Sócrates está próximo.

“A felicidade e a infelicidade estão na alma.” (Fr. 170)

“A felicidade não reside na posse de rebanhos ou de ouro, e sim que a alma seja a residência de um espírito feliz.” (Fr. 171)

“A arte do médico cura as enfermidades do corpo, mas a sabedoria liberta a alma das paixões.” (Fr. 31)

Quem escolhe os bens da alma, escolhe o divino; quem escolhe os do corpo, o humano.” (Fr. 37)

Demócrito faz a felicidade radicar na alma; dentro de sua concepção materialista, não se pode pensar em uma oposição corpo-alma comparável à que se pode estabelecer entre espírito e matéria; nele, trata-se mais de dois princípios de vida: viver segundo o corpo, isto é, segundo os bens sensíveis, ou segundo a alma, o mais propriamente pessoal e humano no homem. A disjunção entre dois modos de vida está claramente apontada. Também a desvalorização das paixões, assimiladas às enfermidades, e, portanto, a tendência ao ideal de serenidade e imperturbabilidade, de “apatheia” ou “apatia”, que irá definir o sábio da época alexandrina.

Sobre Demócrito pode-se consultar: P. Natorp: Die Ethika des Demokritos. Text und Untersuchungen (Marburg, 1893); A. Dyroff: Demokritstudien. (Munchen, 1899) [Julián Marías]