Cousin (Victor), filósofo francês (Paris 1792 — Cannes 1867), discípulo de Maine de Biran e promotor do “ecletismo”: sua máxima, tomada de empréstimo a Leibniz, era que “os sistemas são verdadeiros pelo que afirmam, falsos pelo que negam”. Esforçou-se então por combinar as ideias de Descartes, as da escola sensualista escocesa e as de Kant. Preconizou finalmente a aliança das “duas irmãs imortais”: a filosofia e a religião. Cousin foi, com Gerando, o fundador na França da história da filosofia; os sistemas, segundo ele, reduziam-se a quatro: o sensualismo, o idealismo, o ceticismo e o misticismo. Devemos-lhe principalmente uma História da filosofia do séc. XVIII (1826), Estudos sobre Pascal (1842), Do verdadeiro, do bem e do belo (1858), História geral da filosofia (1863). [Larousse]
Não podemos pensar sem um sorriso em Victor Cousin, a quem não lemos mais. Admiramos a espécie de reinado que ele exerceu no seu tempo sobre a filosofia, mas não entraremos no assunto. Consideramo-lo pomposo e vão, e não nos equivocamos de todo. Esquecemos que ele foi um literato notável — e impôs-se sobretudo pela sua literatura — um espírito claro embora sem profundeza, que escreveu belas histórias sobre mulheres do século XVII, a quem amou, e que existem traços originais na sua vida, quando mais não fosse nas diferenças que teve com Louise Colet.
Acresce ainda que é um personagem oficial e fundador de uma filosofia oficial. Nascido em 1792, professor, destituído pela Restauração, restabelecido em suas funções sob o ministério Martignac, ministro por sua vez, publicou em 1854 Do Verdadeiro, do Belo, do Bem e em 1864 a História da Filosofia. Retirou-se completamente da vida pública após 1848 e 1851 e morreu em 1867. O seu nome está ligado à doutrina do ecletismo.
Ecletismo quer dizer escolha e com esta palavra nos dão a entender que este construtor construiu tirando material daqui e dali e que para erigir um novo sistema tomou emprestado aos diversos sistemas o que eles tinham de verdadeiro ou de melhor. Isto também é. de certo modo, sistematizar. O filósofo arranjava à sua maneira os elementos emprestados e fê-los passar por modificações sensíveis; suas ideias não são originais mas têm por vezes um certo feitio pessoal que se faz notar sobretudo em moral. Distingue e acompanha na história da filosofia quatro grandes correntes que nela se desenvolvem, sem no entanto mostrar-lhes o entrecruzamento; sensualismo, idealismo, misticismo e cepticismo. Idealista, ainda no sentido moral, e tendo recebido esse idealismo dos escoceses e de seu mestre Royer-Collard, não deixa contudo de se reportar ao empirismo, acreditando que não existe conhecimento imediato senão dos fenômenos; mas é verdade, por outra parte, que Cousin vê na razão uma espécie de iluminação ou de revelação. Assim se desenrola a sua filosofia.
Era uma filosofia superficial e brilhante que bem cedo caiu no descrédito. Se Paul Janet, Franck Caro lhe desenvolveram a ética, a crítica não teve dificuldade em descobrir-lhe a fraqueza inicial e Pierre Leroux escreveu uma Refutação do ecletismo. É verdade que Leroux sustentava, por sua parte, a tese da imortalidade sem memória, o que revela mais fantasia porém menos sabedoria. [Truc]