baroco

Palavra mnemônica usada pelos escolásticos para indicar o quarto dos quatro modos do silogismo de segunda figura, mais precisamente o que consiste numa premissa universal afirmativa, numa premissa particular negativa e numa conclusão particular negativa, como no exemplo: “Todo homem é animal; algumas pedras não são animais; logo, algumas pedras não são homens” (Pedro Hispano, Summ. log., 4.11).

Dessa palavra teve origem a palavra “barroco”, usada para designar a forma de arte ou, em geral, o espírito próprio do séc. XVII. “Parece indubitável”, disse Croce, “que essa palavra está ligada a um daqueles vocábulos artificialmente compostos e mnemônicos, com que foram designadas as figuras do silogismo na lógica medieval. Entre esses vocábulos (Barbara, Celarent, etc), dois (pelo menos na Itália) chamaram mais a atenção do que os outros e tornaram-se quase proverbiais: o primeiro, Barbara, por ser o primeiro, e o outro, sabe-se lá por quê, Baroco, que designava o quarto modo da segunda figura. Digo não sei por quê, por não ser ele mais. estranho do que os outros, nem mais estranho o modo de silogismo que indicava: talvez para tanto haja contribuído a aliteração com Barbara ” (Storia dell’età barocca in Italia, 1925; 2a ed., 1946, pp. 20-21). Embora essa etimologia tenha sido comumente aceita, na verdade é totalmente desprovida de documentação e os únicos documentos disponíveis indicam que a palavra barroco derivou de barocchio, que, em Florença, era uma forma de trapaça ou escroqueria. Tal derivação é mencionada em uma carta de Magliabechi, de 1688 (cf. Franco Venturi, “La parola Barocco”, em Rivista Storica Italiana, 1959, pp 128-130). [Abbagnano]