athánatos; imortal, a incorruptibilidade da psyche; para a incorruptibilidade dos corpos naturais, ver aphthartos
1. A crença na imortalidade da alma começa com a sua associação com o aer, o elemento vital na vida (ver Anaximenes, Diels, frg. 13B2), e com a noção vitalista de que o que é vivo é divino (Cícero, De nat. deor. I, 10, 26; ver theion) e, portanto, imortal. Daí não haver nenhuma tentativa pré-socrática para demonstrar que a alma como tal é imortal; faz parte de algo mais que é imortal. O problema da imortalidade psíquica individual surge com a nova visão religiosa, xamanística da psyche como a pessoa verdadeira, fechada na alma como numa prisão; mas mesmo aqui trata-se mais de exposição religiosa do que de argumentação filosófica, uma opção que se vê melhor nos quatro grandes mitos escatológicos de Platão: Fédon 107c-114c; Górgias 523a ss.; República 614b-621d; Fedro 246a-249d. Mas em Platão também entra aquilo a que ele chama «prova» (apodeixis; ver Fedro 245c). A prova da anamnesis ascende ao pitagorismo religioso (Fédon 72e-77a), enquanto que a do parentesco com os eide (ibid. 78b-80c) é exclusivamente platônica.
2. Estas são provas unitárias concernentes à alma como um todo, mas a distinção das partes mortais e imortais da alma no Timeu (ver psyche) abre outras perspectivas; nem mesmo nos seus primeiros escritos Aristóteles sustenta a imortalidade de toda a psyche; apenas o noûs tem essa característica (Eudemo, frg. 61; De anima I, 408b, III, 430a). O materialista é normalmente levado a negar a imortalidade da alma; assim os atomistas (ver Lucrécio, De rerum nat. III, 830-1094), e assim, em primeira instância, os estoicos (SVF I, 146, II, 809; D. L. VII, 157), embora mais tarde com Posidónio (Cícero, Tusc. I, 18-19; comparar De republica VI, 26-28), afirmassem uma espécie de imortalidade astral (ver aer). Para Plotino nunca há um problema da imortalidade da alma; o que é discutido é a individualidade da alma imortal após a sua separação do corpo (Eneadas IV, 3, 5). [FEPeters]