Hegel (LHF) – ser e tempo

português

E, assim, concebendo o processo abstrato como o tempo, Heráclito diz, nas palavras com as quais Sexto (Adv. Math. X, 231-232) expressa seu pensamento: “O tempo é a primeira essência corporal”. Obviamente, a palavra “corporal” é uma expressão infeliz; os céticos gostavam de escolher as expressões mais grosseiras ou fazer pensamentos grosseiros, a fim de poder dominá-las melhor. O “corporal” aqui significa o sensível abstrato: o tempo, como a primeira essência sensível, é a intuição abstrata do processo. Mas, como Heráclito não se detém na expressão lógica do devir, senão que dá ao a seu princípio a forma do ser, necessariamente tinha se oferecer ele em primeiro termo, para expressar essa ideia, o conceito de tempo, pois é, no nível do intuitivo, a primeira forma do devir. O tempo é o devir puro como intuído, o conceito puro, o simples, a harmonia baseada no absolutamente contraposto; sua essência consiste em ser e não ser em uma unidade e não encerra mais determinação que esta. Não como se o tempo fosse e não fosse, senão no sentido de que o tempo é não ser imediatamente no ser e o ser imediatamente no não ser: este truque do ser no não ser, este conceito abstrato, mas de um modo objetivo, quer dizer, enquanto é para nós. No tempo, não é o passado nem o futuro, senão somente o agora: e isto é precisamente para não ser como algo passado; e este não ser se troca também em ser, enquanto futuro. Se tivéssemos que dizer como, o que Heráclito reconhecia como essência, existe para a consciência nesta forma pura em que ele a reconhecia, não poderíamos mencionar outra coisa que o tempo; por isso se acha em certa consonância com o princípio do pensamento de Heráclito a determinação do tempo como a primeira forma do devir.

inglês

If we view the matter more closely, this superficial diversity vanishes, and in the profundity of the teaching of Heraclitus itself we find the way out of the difficulty. What Heraclitus said was that time is the first, corporeal, outwardly real being; as we have noted, we find this in Sextus Empiricus. So Heraclitus did not rest content with the logical expression of becoming but gave to his principle the shape of subsistent being; and for that purpose the form of time had to be the first that offered itself to him. In the sensible or intuitable realm, time is what first presents itself to us as becoming; it is the first form of becoming. Time is pure becoming as intuited. To be and not to be is what time is-in its being, immediately not to be, and in its non-being, immediately to be-this turning over from being into non-being. It is intuited becoming, it is the first form in which becoming presents itself. What is in time is not what is past and future; it is only the now. Just as the now is, it is verily a not-being, it is directly nullified, gone; yet this nonbeing is also turned over into being; it is and also it is not-even while I have spoken the word ‘now’. The ‘now’ is the abstract intuition of this overturning, and therefore it is quite correct that the first form of what becomes is time.

The second form is more physical. Time is intuiting, but wholly abstract intuiting. When we use physical, concretely real modes to represent to ourselves what time is, the question that we face is I what purely physical nature corresponds to this determination [and] immediately exhibits the intuition of becoming. In this context it is directly evident to us that neither air nor water nor earth is acceptable, because the very next point is that they are not themselves the process. But the process is fire, which is the more real mode of the Heraclitean principle, since fire is physical; it is restlessness. Although fire is, it is the consuming of itself as well as of its other; it is not still in the way that water or earth is still; it is not lasting, [it is] physical restlessness or process. It is real time, and it is therefore wholly consistent that, starting from his basic definition, Heraclitus made fire the principle.

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