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estória

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

A palavra “vida” porém, tem significado inteiramente diferente quando é relacionada ao mundo e empregada para designar o intervalo de tempo entre o nascimento e a morte. Limitada por um começo e um fim, isto é, pelos dois supremos eventos do aparecimento e do desaparecimento no mundo, a vida segue uma trajetória estritamente linear, cujo movimento, não obstante, é transmitido pela força motriz da vida biológica que o homem compartilha com outras coisas vivas e que conserva, para sempre, o movimento cíclico da natureza. A principal característica dessa vida especificamente humana, cujo aparecimento e desaparecimento constituem eventos mundanos, é que ela é plena de eventos que no fim podem ser narrados como uma estória [story] e estabelecer uma biografia; era essa vida, bios, em contraposição à mera zoe, que Aristóteles dizia ser, “de certa forma, uma espécie de praxis” [Política, 1254a7]. Pois a ação e o discurso, que, como vimos, estavam intimamente interligados na compreensão grega da política, são realmente duas atividades cujo resultado final será sempre uma história suficientemente coerente para ser narrada, por mais acidentais ou fortuitos que possam parecer os eventos singulares e suas causas. [ArendtCH:C13]