Esta “abstenção de juízo” se expressaria posteriormente com o termo “epoché”, que é de derivação estoica. Como foi bem destacado recentemente, Zenão afirmava para o sábio a necessidade de não dar assentimento, ou seja, de “suspender o juízo” (epoché) em face ao que é incompreensível (e de dar assentimento só ao que é evidente); Arcesilau e Carnéades (como veremos), em polêmica com os estoicos, sustentam que o sábio “deve suspender o juízo” sobre todas as coisas, porque nada é evidente. O termo “epoché” foi retomado até pelo neopirronista Enesídemo para expressar o conceito da abstenção de juízo, tornando-se um termo técnico referido também a Pirro. Parece correto, pois, concluir que Pirro falava de “abstenção de juízo” ou “ausência de juízo” (que, como veremos, conduz à “afasia”) e que o termo epoché é posterior, mas expressa o mesmo conceito. [Giovanni Reale, História da Filosofia I]