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epoche / ἐποχή / epoché
Wasserstrom
A "epokhe" como Tempo Messiânico
Todos os profetas — sem exceção — fizeram profecias somente dentro do tempo messiânico (epokhe). Quanto ao tempo futuro, que olho o viu exceto o Seu, Senhor, que agirá em nome daquele que for fiel e que continua a esperar. Maurice Blanchot
A "epokhe" fenomenológica, cujo pioneiro foi Husserl , transformou-se na fenomenologia da religião praticada em Eranos. A primeira intervenção transformadora da epokhe chegou pelas mãos do aluno de Husserl, Heidegger . Também muito influenciado por Heidegger e que logo influenciaria substancialmente Eliade , Gerardus van der Leeuw fez com que a epokhe fosse central à "fenomenologia da religião" e assim estabeleceu-se com proeminência no papel de presidir as sessões dos primeiros encontros de Eranos. Em contraste, Corbin comprometeu-se fervorosamente com a verdade absoluta profética e teofanicamente revelada como "fenômeno ". Tal verdade, ao cabo de sua vida, foi revelada com a realidade mística da Ordem do Templo :
A tarefa do fenomenologista agora é descobrir uma contra-história ‘mais verdadeira do que a história’ na evidência de uma parte posterior à tradição templária — evidência essa que confirme a sobrevivência secreta da Ordem dos Templários até o seu ressurgimento.
Os historiadores das Religiões, no final, na fase pós-guerra de seu desenvolvimento teórico, recapitularam um momento minimessiânico. O parênteses fenomenológico (epokhe) se comparava (supostamente temporária) livre de normas, cuja liberação eles usaram para pontuar o final dos tempos. O fenomenologista neste sentido aparecia como um precursor vivo da condição futura, da condição ‘redimida’, na qual as características de simpatia humana ficam em suspenso. O fenomenologista assim operava uma espécie de espaço paradisíaco tornado possível pela ‘Natureza Perfeita ’, presumivelmente agora à disposição . [Excertos da tradução em português de Dimas David Santos Silva, do livro de Steven Wasserstrom , "Religion after Religion"]