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cultura

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Todavia, pense-se que «Cultura» pode ser outro nome do Projeto. Pelo menos, quer-nos parecer que este com aquela se identifica pela impossibilidade de pensá-la do modo como se pensa tudo o que adjetivado de «cultural» se nos depara. Também a Cultura se furta à nossa compreensão se a não pensarmos como «todo» por todos os lados excedendo a soma de suas partes, as que designamos por «bens culturais». Igualmente se pode dizer da Cultura, que seja ela um nexo simbólico, que ela é nexo simbólico, com a reserva, bem entendido, que no que a ela respeita, a analogia geométrica enormemente se complica: o culturalista tem agora diante de si uma quase imensa quantidade de projeções de um Projeto que se situa em espaço de quase inúmeras dimensões, e cujo sistema referencial se caracteriza pela intersecção de quase infinito número do que poderia designar-se por «planos funcionais». Funcionais de quê? De todas as determinadas relações do homem com o mundo, ou vice-versa. Por isso, talvez a complicação seja ilusória. Só temos diante de nós uma refração da candura do ainda indeterminado correlacionamento de homem e mundo. A Cultura ainda é o Projeto, ou um nome conhecido que se dá ao desconhecido Projeto, pois o falar-se de Cultura ainda não é saber-se o que ela seja. Mas, seja o que for, certamente não é uma de entre as mais diversas formas que assume a relação do homem com o mundo ou do mundo com o homem. É, antes, a condição prévia de todo e qualquer correlacionamento. Seria como que espaço e tempo abertos no sem-espaço e no sem-tempo. Mas abertos a quê? [Eudoro de Sousa  ; EudoroMito:33]


“O que denominamos cultura”, diz Otto, “é dependente em sua figura total de um Mito dominante, que é inseparável do mito do divino. Com a criação desse Mito constitui-se um povo e uma cultura, que anteriormente careciam de existência” [W. F. Otto, Dionysos: Mythos und Kultus. Coleção Frankfurter Studien zur Religion und Kurtur der Antike, Band IV. Frankfurt, Klostermann, s/d, p. 31]. O homem e a natureza são pois capítulos especiais dessa revelação total, pois Immer steht, am Anfang der Gott. Ideias com tudo e por tudo iguais às expressadas por Schelling   em toda a sua obra. No pensamento de Otto a experiência do processo religioso é traduzida na experiência de uma protoforma absolutamente fundante, de um poder projetivo primeiro, em sentido heideggeriano. A abertura desse mundo através da Parusia divina não diz respeito unicamente a um aquém-mundo, em exclusão de um além. Fazendo alusão à realidade transmundana como feudo de uma desocultação de igual índole, podemos reportar-nos ao conceito de Mundo no pensamento de Heidegger  . [VFSTM  :172]
LÉXICO: cultura