Categoria: Antiguidade
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b) O mito de Er, o Panfílio: no livro X da República (614 a), Platão expõe um mito acerca da escolha dos gêneros de vida, mito que retoma o tema da metempsicose assim como os do Fedro (248 c) e do Fédon (80 e); mas aqui é o problema da liberdade que é discutido e…
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c) O «Fédon» e a metempsicose (80 e): Uma tradição órfico-pitagórica inspirou provavelmente este mito. As almas puras vão, depois da sua morte, passar o resto do tempo na companhia dos deuses; mas as almas impuras, pesarosas pelo corpo com o qual partilharam a sua existência ao serem escravas das exigências deste, vagueiam até ao…
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d) O «Mênon» e a reminiscência: É neste texto (e no Fedro, 249 c) que surge mais nitidamente o ponto para o qual convergem os diferentes mitos de Platão. A teoria da reminiscência que nele se desenvolve implica efetivamente, ao mesmo tempo, uma metempsicose que coroa uma escatologia ético-religiosa e uma teoria do saber que…
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Só para desentranhar todas as implicações destas poucas páginas da República (v. Republica-VI), necessário seria escrever um livro inteiro. Supondo que não nos tenhamos omitido de ler com a devida atenção nenhum dos mais importantes comentários que constam da bibliografia especializada, digamos, para começar, que só nos ocorre uma excepção (Fergusson) ao quase unânime parecer…
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Nada nos constrange a desistir, por tão óbvia que é, de pensar na extrema complexidade da religião grega. Nem é de estranhar que o seja, onde não existe teologia salvaguardada por uma tradição expressa em documentos escritos, expurgados de toda e qualquer excessividade agressiva, de encontro a um só «Corpo Místico». Na Grécia, nunca houve…
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Se a religião grega, considerada em si mesma, ou recolocada em sua ambiência mediterrânea, tem uma história, essa parece situar-se entre uma Fulgurância que desvela o mundo, todo ele, ou o que ele contém de mais valioso, como proveniente e resultante de um deicídio primordial, cuja projeção antropológica se encontraria no regime de vida dos…
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A mitologia grega, originalmente mitologia que emerge da religião grega, não seria qualquer mitologia, mitologia num conceito demasiado abrangente, mas tão-só aquela que a religião dos gregos podia gerar, e outro tanto se diga da filosofia grega, a qual, como filosofia emergente da religião, não seria qualquer filosofia, pura e simplesmente filosofia, mas só aquela…
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Que a filosofia grega nos pode aparecer como forma sui generis da consciência religiosa, inclusive, como pretendendo substituí-la, é o que se nos mostra em vários momentos da sua história, em especial, no princípio e no fim, se é que, a propósito de «filosofia grega», ainda se pode falar de um fim ou de um…
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A religião grega, aqui, suposta matriz da mitologia e da filosofia, constitui-se, pois, como uma religião que, toda ela, se oculta em sua progênie. Dir-se-ia até que o próprio ser da religião grega reside nesse mesmo ocultar-se em sua descendência. E, inversamente, na Grécia, a mitologia e a filosofia não emergem à luz do sol…
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A Física (que certamente começou além dela, numa metafísica com traços semelhantes aos de determinados mitos teocosmogônicos) é a primeira filosofia que a religião grega veio a ser. Por conseguinte, a mitologia grega é a mitologia emergente de uma religião, a cuja essência pertence o vir a ser, em primeiro lugar, uma física (ou melhor:…
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A mitologia grega é, pois, uma physiomythía, que ainda não é a physiologia dos filósofos, para os quais, após a teoria da natureza, vem uma teoria do homem e, por fim, uma teoria da divindade. Decerto que há uma «filosofia do mito» (título de uma obra de M. Untersteiner, 1946, 1.a ed.). Mas entendemos bem…
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Na Grécia, assim poderia ter sucedido: uma religião, cuja essência própria implicava – em conformidade, evidentemente, com o que a história nos expõe – a qual, como mitologia emergente de uma religião que por natureza sua, havia de ceder o lugar a uma filosofia, já era, ela mesma, filosofia. Não, porém, ou não ainda, a…
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Sem dúvida, nos termos em que a expressamos, esta noção de mundo mítico é meramente negativa. O que mais importaria saber não é o que os personagens da mitologia não são, mas sim o que eles são. Repare-se, todavia, que o «não ser Homem», o «não ser Deus» e o «não ser Natureza» já apontam,…
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Examinemos a questão noutra perspectiva. Uma das portas de acesso ao mundo mítico é a reflexão sobre o simbólico. Se há uma realidade simbólica – aquela, cuja expressão mais adequada é o mito – é ela constituída por entes fluidos e translúcidos; de tal maneira fluidos, que indistinto se torna o limite entre o ser…
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Que relação haverá entre o mundo mitológico (com tudo o que ele contém, ou continha, num horizonte aparentemente perdido) e o mundo em que existe Deus, o Homem e a Natureza? Esta era a segunda pergunta. O mundo em que nós vivemos e, sobretudo, aquele que nós pensamos, não parece que ainda seja o mundo…
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Como… Textos referências Afabulação próxima da mentira A República II, 377a: contar um mito, “é dizer algo de falso, mesmo se dentro há também verdade”. A República II, 377d: “estes falsos mitos” + Sofista, 242cd; Filebo, 14a; Fedro, 613… Divertição (jogo, fábula para crianças, conto de velha mulher) O Político, 268e: “misturando um pouco de…
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Segundo Droz, é possível classificar os mitos platônicos segundo a forma/função e segundo o conteúdo.
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Segundo Droz, P. Frutiger distinguiu os mitos alegóricos (Prometeu, Tot, etc), genéticos (nascimento de Eros, Atlântida) e para-científicos (gênese do mundo, estadia da alma depois da mortes, etc). Entretanto, Droz prefere o quadro abaixo. Tipos Exemplos Funções Mitos alegóricos Prometeu, nascimento de Eros, coche alado… Entretet, descontrair, ajudar à compreensão, sugerir eficazmente… Mitos conjecturas Demiurgo…
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Segundo Droz, é possível classificar os mitos platônicos segundo grandes eixos temáticos. Entre os quais ela privilegia quatro: a condição humana, a liberação espiritual, o destino das almas, o devir do mundo. Veja a tabela abaixo. Temas Mitos Diálogos Expositores Assuntos Condição humana Prometeu Protagoras 320d-322d Protágoras Divisão dos talentos “Andrógino” de Aristófanes Banquete 189d-193a…
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Excertos de Jean Borella, “Le mystère du signe” Au reste, ce ne sont pas seulement Pythagoriciens et Egyptiens qui font usage du symbolisme, et d’un symbolisme dont Jamblique nous présente, on vient de le voir, une doctrine complète et parfaitement ordonnée. Ce sont tous les Anciens, ainsi que le déclare Plutarque, un siècle avant Jamblique,…