Berkeley (TPCH) – esse é percipi

Todos concordarão que nem os pensamentos, nem as paixões, nem as ideias formadas pela imaginação existem sem o espírito; e não parece menos evidente que as várias sensações ou ideias impressas nos sentidos, ligadas ou combinadas de qualquer modo (isto é, sejam quais forem os objetos que compõem), só podem existir em um espírito que as perceba. Qualquer um pode ter disto conhecimento intuitivo se notar o sentido do termoexistir”, aplicado a coisas sensíveis. Digo que existe a mesa onde escrevo — quer dizer, vejo-a e sinto-a; e se estiver fora de meu gabinete digo que ela existe, significando assim que se lá estivesse vê-la-ia, ou que outro espírito atualmente a vè. Houve um odor, isto é, cheirava alguma coisa; houve um som, isto é, ouviu-se algo; uma cor ou uma forma, isto é, foi percebida pela vista ou pelo tato. E tudo o que posso entender por essa e outras-expressões. O que se tem dito da existência absoluta de coisas impensáveis sem alguma relação com seu ser-percebidas parece perfeitamente ininteligível. Seu esse é percipi [o seu ser é serem percebidas] nem é possível terem existência fora dos espíritos ou das coisas pensantes que os percebem. (TPCH)