As formas do invisível

Toussaint1989

Postular esse título: Les Formes de l’invisible (As formas do invisível) é, no mínimo, errar pelo lado do lirismo, condenar-se a um projeto formidável. Idealmente, essa ambição será redimida por um trabalho de maior alcance, do qual este ensaio, em todos os sentidos da palavra, pretende ser a semente.

O invisível transcende as formas, é uma objeção banal, nunca totalmente refutável, pela consideração da qual, no mais interessante dos casos, não é em vão ocupar uma vida. Mas o invisível também procura as formas e as provoca; essa é uma experiência que nossos sentimentos, essas somas químicas, nos oferecem a cada hora. O que poderia ser mais invisível do que uma emoção ou um alarme, e o que poderia ser mais visível? Nosso teatro clássico colheu seus melhores frutos aqui. A meio caminho entre o vazio deslumbrante e mortal e a evanescência das visões — se preferirmos, entre Damásio e Coleridge —, a mil milhas da demonomania ou da paranoia, essa invisibilidade acompanha nossos momentos mais humildes. Nela, a configuração real da vida e a forma dos objetos são divididas, ondulando em infinitas possibilidades. Um revelador do que poderia ter sido ou poderia ser, o invisível traça o verdadeiro escopo de tudo o que flutua dentro dele, por meio de círculos infinitos que nascem ao redor das coisas. É o excesso dessa iridescência da realidade que faz com que o salão de Rimbaud pareça uma poça… Mas a própria moderação de tal princípio parece impossível, tanto que o pensamento paralelo da hipótese faz o real corar com sua mesquinhez. Imaginar, nesse sentido, é começar a se perder. Começar a ser humano. Virar as armas da natureza contra ela. Pois, cansados de sobreviver bem, cansados dos sucessos da evolução inepta que nos levou obscuramente aos fins piedosos do forno de micro-ondas, talvez só consigamos salvar nosso gosto pela vida restaurando ao Ausente seu direito e sua forma. O ausente? A gratidão, é claro, totalmente invisível aos fins naturais; essa Esfinge solitária, essa Vertigem de todo homem bem nascido. A morte existe pelo menos para nos lembrar de aprender sobre a gratuidade e para nos dar esperança de que ela é a face, certamente a mais amável, do divino.

Tal conceito, o primeiro atributo do invisível, só pode se acomodar às formas pervertendo suas leis em liberdade, praticando a hábil arte do incognoscível e do indizível. A esse respeito, o testemunho de vários humanistas florentinos do final do Quattrocento nos parece exemplar.