Platão dá três significados para a palavra grega Artemis: “íntegra”, “conhecedora da virtude” e “a que odeia a procriação” [Crátilo 406b 1-6]. Ela é filha de Zeus e Leto, e irmã gêmea de Apolo, com o qual compartilha muitos traços comuns.
Leto é a titânida que preside o aperfeiçoamento das potências vitais das almas1 e Proclo nos explica que as tradições gregas honraram Deméter e Leto como a mesma deusa, sendo Leto a dimensão de Deméter que é a causa da luz intelectiva (Apolo) e da luz vivificadora (Artemis) que está além do Universo criado2. Ou seja, Leto é a causa da vivificação e da iluminação das essências intelectuais dos deuses olímpicos e das hierarquias das almas.
Como Héstia e Atená, Artemis é uma deusa “virgem”. Após assistir aos sofrimentos de sua mãe durante o parto de Apolo, pediu permissão a seu pai para manter a virgindade para sempre. Na mitologia grega, é a divindade ligada à vida selvagem, às regiões selvagens, aos animais selvagens, à caça, ao parto, à castidade. Os símbolos de Artemis incluíam um arco de ouro e uma flecha de prata, uma aljava e facas de caça. O cervo e o cipreste eram sagrados para ela. A carruagem de Artemis era feita de ouro e puxada por quatro cervos com chifres dourados. Como uma deusa das danças e das canções de donzelas, Artemis é retratada com uma lira. O mito relata que ela fez da terra dos Hiperbóreos sua residência principal, ou seja, da terra mítica que está além dos Sopros, além do Polo (Urano): além do cume do Mundo Pré-Olímpico. Ela corresponde a Hécate na tradição órfica e nos Oráculos caldeus.