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[...] A verdade não é uma propriedade da proposição: está nas próprias coisas. E aqui se acentua o aspecto objetivista da teoria de Heidegger. Não é na proposição sobre o ser que reside a verdade, mas é o próprio ser que é revelado ou verdadeiro. E é apenas porque o ser é verdadeiro que podemos formular proposições sobre ele que são verdadeiras. Consequentemente, a verdade da proposição é derivada da verdade do ser. A verdade, no seu sentido antigo, a descoberta, pertence ao (…)
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Wahl, Jean
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Jean Wahl (1998:34-40) – aletheia
10 de fevereiro, por Cardoso de Castro -
Jean Wahl (1962) – a que se opõem as filosofias da existência
23 de março de 2022Vejamos agora a que se opõem as filosofias da existência.
Podemos dizer que estas filosofias se opõem às concepções clássicas da filosofia, tais como as encontramos quer em Platão, quer em Espinosa, quer em Hegel; opõem-se de facto a toda a tradição da filosofia clássica desde Platão.
A filosofia platônica, tal como a concebemos vulgarmente, é a investigação da ideia, na medida em que a ideia é imutável. Espinosa quer ter acesso a uma vida eterna que é beatitude. O filósofo em geral quer (…) -
Wahl: PARADOXO - TENSÃO - AMBIGUIDADE
23 de março de 2022CAPITULO VI - PARADOXO - TENSÃO - AMBIGUIDADE
Chegamos à última tríade de categorias: paradoxo, tensão, ambiguidade. Temos já insistido na ideia de paradoxo falando da existência. E, da ideia de paradoxo, chegamos facilmente à ideia de tensão. A dialéctica kierkegaardiana distingue-se da dialéctica hegeliana na medida em que é individual, apaixonada e descontínua, processando-se por saltos repentinos, por crises. Nesta não há síntese; Kierkegaard o que pretende é a tese e a antítese. «O (…) -
Wahl: O ÚNICO-O OUTRO — A COMUNICAÇÃO
23 de março de 2022O ÚNICO-O OUTRO — A COMUNICAÇÃO
Vamos estudar os conceitos de uma quarta tríade, que é constituída pelas ideias de Único, de Outro e de comunicação.
Kierkegaard diz que se dirige sempre ao indivíduo isolado e único. Deste ponto de vista podê-lo-iamos comparar a Stirner e a Nietzsche. Nenhum filósofo existe, diz Kierkegaard falando dele próprio, que tão claramente tenha destacado o conceito do único. E já vimos que é a partir deste conceito que ele se opõe ao hegelianismo. O indivíduo é (…) -
Wahl: AS TRADIÇÕES DAS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA
23 de março de 2022AS TRADIÇÕES DAS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA
Podemos, tendo presentes as observações do P. Bochenski, tomar como ponto de partida uma observação de Émile Bréhier: estas filosofias são uma união do empirismo metafísico e do sentimento de inquietação humana. Nelas não encontramos uma definição, mas uma caracterização, e é o máximo a que podemos aspirar.
Empirismo, dizem-nos. E, para empregar um termo de Heidegger, o elemento de facticidade no qual insistirão estes filósofos, é o elemento (…) -
Wahl: Filosofias da existência - generalidades
23 de março de 2022As Filosofias da Existência Jean Wahl Coleção Saber Publicações Europa-América, 1962
CAPITULO I - GENERALIDADES
Quem se ocupe da filosofia da existência encontra-se na presença de um certo número de dificuldades. As primeiras surgem da diversidade extrema dos diferentes pensamentos filosóficos que se designam com esse nome.
Preferiremos a expressão «filosofia da existência» à palavra «existencialismo» pela razão de que alguns dos filósofos mais importantes de que queremos falar, (…) -
Wahl: EVOLUÇÃO GERAL DAS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA
23 de março de 2022As Filosofias da Existência Jean Wahl Trd. I. Lobato e A. Torres Europa-América 1962
EVOLUÇÃO GERAL DAS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA Dissemos já que as filosofias da existência partem da meditação essencialmente religiosa de Kierkegaard. Kierkegaard é o indivíduo que se sente pelo seu pecado perante Deus. Como veremos, ter consciência do pecado é já sentir-se perante Deus, e a ideia do «perante Deus» é para Kierkegaard como para Lutero uma categoria fundamental.
O indivíduo é a existência. (…) -
Wahl: PRIMEIRA TRÍADE: EXISTÊNCIA - SER - TRANSCENDÊNCIA
23 de março de 2022As Filosofias da Existência Jean Wahl Trd. I. Lobato e A. Torres Europa-América 1962
PRIMEIRA TRÍADE: EXISTÊNCIA - SER - TRANSCENDÊNCIA
Vimos como facticidade e emotividade, uma vez unidas, produzem, de qualquer forma, a ideia e o sentimento de existência. Este termo, produto de uma tendência empirista (mas de um empirismo metafísico) e de uma tendência afectiva e romântica, vai ser o primeiro termo da primeira tríade: existência, ser e transcendência [que nos desculpem o caráter (…) -
Wahl: A SEGUNDA TRÍADE: O POSSÍVEL E O PROJECTO — A ORIGEM, O AGORA, A SITUAÇÃO, O INSTANTE
23 de março de 2022Capítulo II da Parte II (As Categorias das Filosofias da Existência) do livro "As Filosofias da Existência", tradução portuguesa de I. Lobato e A. Torres, 1962.
Estudamos aquilo a que chamamos as três primeiras categorias filosóficas da existência: a própria ideia de existência, a ideia de ser, a ideia de transcendência.
Procuraremos estudar agora uma segunda série de categorias que se relacionam com o tempo, e teremos pois ocasião de falar primeiro do papel da ideia de tempo nas (…) -
Wahl: A TERCEIRA TRÍADE: ESCOLHA E LIBERDADE
23 de março de 2022Jean Wahl, As Filosofias da Existência. Trad. I. Lobato e A. Torres. Publicações Europa-América, 1962.
A TERCEIRA TRÍADE: ESCOLHA E LIBERDADE - NADA E ANGÚSTIA AUTENTICIDADE
Podemos agora passar ao que será a terceira tríade: escolha e liberdade, nada e angústia, autenticidade e repetição. Vimos que a existência é tempo; agora vemos que é escolha e liberdade no tempo. Tínhamos visto que ela está ligada ao ser, mas que está ligada também a este ser rarefeito, a este ser diminuído que (…)