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Schuon Philokalia
quarta-feira 27 de dezembro de 2023, por
PERENIALISTAS — PHILOKALIA
VIDE: Perenialistas Philokalia
Frithjof Schuon
— IMAGENS DO ESPÍRITO
— -Se para a teologia escolástica — não para a gnose patrística e eckhartiana — Deus se identifica ao Ser, é porque ela deve responder a uma via de amor, enquanto a teologia palamita, que ensina que Deus contém o Ser sem se reduzir a este, tem conta de uma possibilidade de gnose.
— PERSPECTIVAS ESPIRITUAIS E FATOS HUMANOS
— -Um texto da Philokalia declara expressamente que o Hesicasmo dirige-se a todos. Na Índia, a predicação da bhakti por Chaitanya é um exemplo particularmente comprovador desta irradiação universal do amor, e de sua capacidade de unir “interioridade” e exterioridade” em uma só e mesma realidade contemplativa.
— UNIDADE TRANSCENDENTE DAS RELIGIÕES
— -A presença das ordens monásticas não poderia se explicar de outro modo a não ser pela existência de uma tradição iniciática, na Igreja do Ocidente assim como nas Igrejas do Oriente, tradição que remonta — são Bento o atesta como os Hesicastas — aos Padres do Deserto, logo aos Apóstolos e ao Cristo; o fato que o cenobitismo da Igreja latina remonta às mesmas origens que este da Igreja grega — este último formando a princípio uma comunidade única e não ordens diferentes — prova precisamente que o primeiro é de essência esotérica como o segundo; e da mesma forma, o eremitismo é considerado de um lado a outro como a realização da perfeição espiritual — são Bento o diz explicitamente em sua regra —, o que permite concluir que o desaparecimento dos eremitas marca o declínio da floração crística. A vida monástica, longe de constituir uma via suficiente por si própria, é designada na Regra de São Bento como um “começo de vida religiosa”; quanto “àquele que apressa sua marcha em direção da perfeição da vida monástica, há para ele os ensinamentos dos santos Padres, cuja observação conduz o homem à meta suprema da religião”; ora estes ensinamentos são aqueles que constituem a essência doutrinal mesma do Hesicasmo.
— -Quando, pela Graça, a Fé será tornada inteira, ela será dissolvida no Amor, que é Deus; é por isso que do ponto de vista teológico os Bem-aventurados do Céu não têm mais a Fé, posto que veem o objeto desta: Deus que é Amor ou Beatitude; aditemos que do ponto de vista iniciático esta visão pode, e deve mesmo, se obter desde esta vida, como o ensina a princípio da tradição hesicasta.
— TER UM CENTRO
— -«Que vosso nomo seja santificado»: este verbo “santificar” é quase sinônimo de “adorar” e por consequência de “orar” ou de “invocar”. Adorar Deus, é ter consciência de sua transcendência — logo de sua primazia absoluta sobre o plano humano — e ter esta consciência é sempre pensar nele, conformemente à parábola do juiz iníquo e à injunção da Epístola. E isto é crucial: «Para ti, quando ores, entre em sua câmara e, tua porta fechada, ores a teu Pai que está no secreto»; segundo os hesicastas, esta câmara é o coração que se deve fechar a aporta dando sobre o mundo, o que é bem característico da mensagem cristã. Mensagem de interioridade contemplativa e de amor sacrificial precisamente; a interioridade sendo como a consequência, esotérica em diversos graus, da perspectiva de amor.
— RAÍZES DA CONDIÇÃO HUMANA
— -Na Eucaristia, o Absoluto — ou o divino Si — tornou-se Alimento; em outros casos, tornou-se Imagem ou Ícone, em outros ainda Palavra ou Fórmula; eis todo o mistério da assimilação concreta da Divindade por meio de um símbolo propriamente sacramental: visual, auditivo ou outro. Um destes símbolos, e mesmo o mais central, é o Nome mesmo de Deus, quintessência de toda oração, que seja um Nomes de Deus em si ou um Nome de Deus tornado homem. Os hesicastas entendem que “o coração bebe o Nome a fim de que o Nome beba o coração”; logo o coração “liquificado” que, pelo efeito da “queda”, estava “endurecido”, donde a comparação frequente do coração profano com uma pedra. «É devido a dureza de vosso coração que ele (Moisés) escreveu para vós este preceito»; o Cristo entendia criar um homem novo, por meio de seu corpo sacrificial de Homem-Deus e a partir de uma antropologia moral particular.