Schuon Objetividade EPV

Frithjof Schuon — O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA

VIDE: SujeitoObjeto; Subjetividade; Inteligência; Vontade; Alma
OBJETIVIDADE
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A prerrogativa do estado humano constitui a objetividade cujo conteúdo essencial é o Absoluto. Não há conhecimento sem objetividade da inteligência, não há liberdade sem objetividade da vontade e não há nobreza sem objetividade da alma. Em cada um dos três casos, a objetividade é ao mesmo tempo horizontal e vertical. O sujeito, seja intelectivo, volitivo ou afetivo, visa necessariamente tanto ao contingente quanto ao Absoluto: ao contingente, em virtude de o próprio sujeito ser contingente e na medida em que ele é;e ao Absoluto, porque o sujeito se assemelha ao Absoluto por sua capacidade de objetividade.

O esoterismo, por suas interpretações, revelações e operações interiorizantes, tende a produzir a objetividade pura ou direta; esta é a sua razão de ser. A objetividade explica a imanência e a transcendência, sendo simultaneamente extinção e reintegração. Nada mais é senão a Verdade, na qual sujeito e objeto coincidem e o essencial prevalece sobre o acidental — ou na qual o princípio antepõe-se à sua manifestação —, extinguindo-o ou reintegrando-o, conforme os vários aspectos ontológicos da própria relatividade.
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A inteligencia humana é essencialmente objetiva e, portanto, total: com a ajuda da graça, ela é capaz de julgamento desinteressado, de raciocínio, de meditação assimilante e deificante. Esse caráter de objetividade pertence igualmente à vontade — é esse caráter que a torna humana — e por isso a nossa vontade é livre, isto é, capaz de desprendimento, de sacrifício, de ascese. Nosso querer não se inspira apenas em nossos desejos; inspira-se fundamentalmente na verdade e esta é independente dos nossos interesses imediatos. Assim também em relação à nossa alma, à nossa sensibilidade, à nossa capacidade de amar: humana, ela é, por definição, objetiva, portanto desinteressada em sua essência ou em sua perfeição primordial e inocente. Ela é capaz de bondade, de generosidade, de compaixão, quer dizer, é capaz de encontrar sua felicidade na dos outros e em detrimento de suas próprias satisfações. Do mesmo modo, é capaz de encontrar sua felicidade acima dela mesma, em sua personalidade celeste, que ainda não lhe pertence totalmente. Dessa natureza específica, feita de totalidade e objetividade, derivam a vocação do homem, seus direitos e os seus deveres.

Dizer que a prerrogativa do estado humano é a capacidade de ser objetivo, corresponde a reconhecer que o conteúdo quintessencial e a última razão de ser dessa capacidade é o Absoluto, pois a inteligência é objetiva na medida em que registra não só o que existe, mas também tudo o que existe. Uma inteligência que rejeita o Absoluto não se dá conta do Real total com que se confronta. Não é mais humana; e, não podendo ser animal, porque realmente é a do homem, não tem outra escolha senão ser satânica. Quanto à vontade, ela é objetiva na medida em que tem não apenas uma finalidade realizável e útil ou um bem real, mas também, e principalmente, o Bem Soberano e na proporção em que visa às coisas em sua conexão próxima ou longínqua com esse Bem. E a alma é objetiva na medida em que ama o que é digno de ser amado e cuja essência transcendente é a divina Bondade e o divino Amor.
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