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Evola Upadana

quinta-feira 28 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

Julius Evola   — A DOUTRINA DO DESPERTAR
Apego — padana — nono nidana
Posto que «queimar», a este nível, equivale a «ser», posto que, para queimar, a chama tem necessidade do material, depende do material, quer material, eis que aparece, em seguida, o nono nidana, que é upadana. O termo quer dizer literalmente «abraçar», «abarcar»: é um próprio fazer, em função de apego, de dependência. Eis porque há quem traduza esta palavra por «vontade» ou por «afirmação» — anunayo, enquanto oposto a «desapego» (ou «rejeição») — vinayo. É precisamente a este ponto que se atualiza e concretiza o (ahamkara), a categoria geral da «apropriação» (adhyatmika). Vem a nascer o sentido do «eu» ou da «pessoa» (skkaya), definido em relação a tal ou tal objeto ou estado, segundo a fórmula: «Isso é meu; meu, sou isto; isto é eu». Encontra-se portanto aqui o próprio lugar das agregações, da formação da personalidade, sobre a base dos cinco troncos que — lembremos — são: 1) o tronco das formas (rupa), compreendendo tudo o que entra no domínio corporal; 2) aquele da afetividade (vedana); 3) aquele das concepções, ou das representações, ou das ideias (sanna); 4) aquele das predisposições, das tendências e, em geral, das volições (sankhara); e enfim, 5) aquele da consciência ela mesma, enquanto determinada, condicionada e individualizada (vinnana). Está escrito: «O apego (upadana) e os cinco troncos do apego não são a mesma coisa; e o apego não está mesmo fora dos cinco troncos do apego. O que, nos cinco troncos, é motivo de vontade, é afirmação, este é apego». Assim a personalidade samsarica não é constituída por cinco domínios, mas bem por este que, neles, é «concupiscência de vontade», deste que procede por efeito do elemento-base de todo o processo, da sede que, agora, se funda com aquela mesma do «demônio» e que, sobre o ponto de se saciar através dos contatos, determina a dependência, ao passo que, da dependência, por sua vez, procederá a angústia, a inquietude e o medo elementar daqueles que não têm, neles mesmos, o próprio princípio e que se mantêm desesperadamente agarrados à sakkaya, à pessoa, ao «eu». A respeito de «apego», fala-se geralmente de acalentar e de tratar delicadamente as sensações experimentadas, sejam tristes, sejam felizes, sejam nem tristes, nem felizes, e se agarrar a elas. Com a ação de acalentar e de tratar delicadamente as sensações, e com aquela de aí se agarrar, aparece a satisfação (em um sentido especial, transcendental, pois, assim como se viu, pode se tratar também de sensações inteiramente «neutras»); este fato de se satisfazer da sensação é apego. Deste apego, o «devir» retira sua origem.