[…] o
mundo objetivo, como o conhecemos,
não pertence à
essência das
coisas em si mesmas, mas é seu mero
FENÔMENO, condicionado [530] exatamente por aquelas mesmas formas que se encontram
a priori no
intelecto humano (isto é, o cérebro), portanto
nada contém senão fenômenos.
Kant, decerto,
não chegou ao
conhecimento de que o
fenômeno é o
mundo como
representação e a
coisa-em-si é a
Vontade. Todavia mostrou que o
mundo fenomênico é condicionado tanto pelo
sujeito quanto pelo
objeto e, isolando as formas mais gerais de seu
fenômeno, isto é, da
representação, demonstrou que conhecemos tais formas e as abrangemos segundo a sua
legalidade inteira
não apenas partindo do
objeto, mas também partindo do
sujeito, porque as mesmas são propriamente, entre
objeto e
sujeito, o
limite comum a ambos. Concluiu que, ao seguirmos tal
limite,
não penetramos no interior do
objeto nem do
sujeito; em
consequência, nunca conhecemos a
essência do
mundo, a
coisa-em-si.
Kant, no entanto, não deduziu a coisa-em-si de modo correto, como logo a seguir mostrarei, mas por meio de uma inconsequência, pela qual teve de pagar com o sofrer de frequentes e irresistíveis ataques a essa parte capital de seu ensinamento. Ele não reconheceu diretamente na vontade a coisa-em-si; porém deu um passo grande e desbravador em direção a este conhecimento, na medida em que expôs a inegável significação moral da ação humana como completamente diferente, e não dependente, das leis do fenômeno, nem explanável segundo este, mas como algo que toca imediatamente a coisa-em-si. E eis aí o segundo ponto de vista capital em relação a seu mérito.