Schelling (PM:102-105) – essência original do homem

destque

A essência originária do homem é [ser] senhor de si mesmo = A, não o simples A, mas é o A que tem B em si mesmo, reconhecidamente apenas como matéria e, portanto, como potência, mas ao mesmo tempo como possibilidade de ser-outro, de não-ser-A. Neste A que [contém] B em si mesmo como poder, A é o que é produzido, criado, A é o homem no sentido próprio (B é mais antigo do que o homem, é o princípio sedutor, e é também por isso que é mais poderoso do que o homem). Para este A, portanto ao homem, este poder é, por assim dizer, entregue para que ele o conserve, é entregue ao seu poder, ou o próprio A é a vontade na qual B é colocado. Ao mesmo tempo, notamos a este respeito que esta possibilidade não é nada e não pode fazer nada por si mesma, se a vontade não tomar o seu partido, e vimo-nos obrigados a dizer, involuntariamente, que esta possibilidade que não pode fazer nada por si mesma é a simples feminilidade, ao passo que a vontade pela qual ela é ou poderá tornar-se algo é a masculinidade. Esta expressão não foi arbitrária, mas natural e espontânea, e é por isso que também só é natural aos olhos da consciência mitológica. — Não deriva da dualidade genérica da natureza e não é simplesmente extrapolada para esses princípios inteligíveis, mas, pelo contrário, é do primeiro princípio de toda a existência (Daseyn) que deriva a dualidade dos gêneros na natureza.

Alain Pernet

SCHELLING, F.W.. Philosophie de la mythologie. Tr. Alain Pernet. Préface de Marc Richir. Postface de François Chenet. Grenoble: Jérôme Millon, 1994


  1. Dès qu’il est B, il n’est plus lui (l’homme). Il l’est en tant qu’ A. Car A est ce qui a été créé. 

  2. Cf. à ce sujet Creuzer, F. : Symbolik …, IV, p. 546. 

  3. Le mot est de Philolaos : (DK) 1414, 44 B 15. 

  4. Gn. 2 : 8 sq.