TEMA V
ARTIGO 9 – O OCTONARIO
Dentro da simbólica universal, o oito representa um papel muito menor do que os outros números até aqui estudados.
O oito anuncia o advento de algo novo.
É considerado como um duplo quaternário pelas visões panteístas do universo. Segundo afirmava Plutarco, os pitagóricos atribuíam o oito aos corpos materiais, como formados de um duplo quaternário.
Nesse caso, oito seriam os elementos fundamentais. Entretanto esta opinião não é compartilhada por muitos estudiosos do pitagorismo.
Na Índia, encontramos este símbolo nos oito elefantes que sustentam a Terra, como também o encontramos entre os cabalistas. Nos gregos, encontramos o oito dedicado a Dioniso, cujo nascimento se dava no oitavo mês. Também o oito foi dedicado a Venus, e vemos decorações com a estrela de oito pontas em alguns Templos gregos, como também em babilônios e caldeus.
Segundo alguns teosofistas modernos, o caduceu de Hermes, com suas duas serpentes entrelaçadas, quer simbolizar o oito.
Para essas diversas crenças, segundo a afirmação que costumam fazer esotéricos e ocultistas, o oito significaria a libertação do karma. Para outros, o oito representa o equilíbrio superior na evolução, enquanto o quaternário seria o equilíbrio inferior.
A esfera pode ser dividida em oito partes, e alguns consideram que a ordem universal obedece ao oito.
Voltando ao que dissemos, quando estudamos o septenário, pode-se conceber o mundo como consistente de vibrações. Essas vibrações se dão em todos os corpos. Em regra geral as vibrações são consideradas como contínuas, isto é, que elas se efetuam de modo ininterrupto, até que, a força de impulsão se esgote ou a resistência do meio as detenha.
A física considera em geral que há uma continuidade nas vibrações, mas essa afirmativa não é um postulado científico comprovado. Alguns esotéricos colocam-se numa posição adversa e propõem um princípio de descontinuidade nas vibrações, isto é, que elas se dão de um modo não uniforme, com períodos de aceleração e de retardamento.
Neste caso, as vibrações não se desenvolvem segundo um modo regular, senão num determinado tempo, mas em certo momento dá-se uma espécie de modificação. As vibrações não obedecem mais ao impulso inicial, e sob certo aspecto elas mudam de natureza e de direção. Assim, vibrações de progressão ascendente ou descendente conhecem, num determinado momento, um retardamento, voltando ao curso anterior até à brusca parada, e detenção.
Os pitagóricos ao estudarem as vibrações sonoras verificaram a presença dessa lei da descontinuidade, o que já tivemos ocasião de ver no artigo anterior, e ela não se processa apenas no campo sonoro, mas também no do calor, como nos revelou Planck, na teoria dos “quanta”, nas vibrações químicas, nas magnéticas, e na luz, como nos mostra a óptica.
Planck verificou que a ascensão da temperatura não se realiza de modo contínuo e que, num determinado momento, dá-se um salto qualitativo, fato que lhe abriu as portas para a construção da teoria dos quanta. Essa lei da descontinuidade, já estudada pelos pitagóricos, é comprovada também pelo espectro na análise espectral, pois o de cada corpo revela as sete cores descontinuamente, o que dá um arithmós cromático diferente de corpo para corpo, o que permitiu um grande desenvolvimento da astrofísica e da ciência moderna.
Vimos no estudo da escala cromática sonora, como se dá a mutação no ternário e no quaternário do sete e, ao surgir a oitava, há uma mutação qualitativa de caráter específico particularizante. Se estudamos a história, e tudo quanto se dá em seu campo, notamos que o desenvolvimento de uma religião, de uma filosofia, de um gosto literário, de uma ciência, até numa vida individual, processa-se numa, direção até um certo momento, quando, súbitamente, desvia-se para outra direção, em muitos casos contrária até, embora conservando o mesmo nome.
Para muitos, o oito é olhado como um símbolo da ressurreição. Nas catacumbas romanas, encontramos o lábaro como símbolo do repouso eterno, com a forma octonária. Santo Ambrósio considerava o oito o símbolo da regeneração, e Santo Agostinho como a ressurreição gloriosa. Como o oito indica a passagem de um estado para outro, para um novo estado, Santo Agostinho considerava que a passagem do número sete para o número oito indicava a sucessão da antiga lei para a nova, que abria ao homem as portas do céu.
Neste caso, o sete seria o número da sinagoga, e o oito o da igreja fundada por Cristo, o que se encontra na constituição octonária de algumas igrejas da primeira fase do cristianismo. Como oito foram as pessoas salvas na arca de Noé, passou a ser o número da salvação. É interessante notar que entre os chineses, o oito é o símbolo da “navegação feliz”. Nos séculos XIV e XV, as pias batismais das igrejas cristãs eram sempre revestidas de forma octogonal, o que aliás já vinha dos primeiros séculos do cristianismo. A cruz de Malta é construída pelos oito raios e um círculo. Nas igrejas cristãs, como em certos monumentos da China e dos Árabes, encontramos a forma octogonal.
Em suma, o número oito, de simbólica menor, é universalmente usado como símbolo da salvação, da passagem de um estado para outro, de uma ressurreição.
7 Salto qualitativo-formal (o novo modo de ser)
8 Equilíbrio superior da evolução (Harmonia do Novo Ser). Símbolo da assunção, que consiste no alcançar uma nova forma, o oito o é também da Incarnação. Em suma, da evolução superior.