Rosenzweig (Cahiers:43-47) – Tema do Livro I da “Estrela da Redenção”

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[…] Essa maneira de reduzir as experiências do mundo e de Deus ao eu, ou de “fundamentá-las” no eu que faz essas experiências, ainda é tão óbvia para o pensamento acadêmico que ele simplesmente não levaria a sério alguém que, não acreditando nesse dogma, preferisse reduzir sua experiência do mundo… ao mundo, e sua experiência de Deus… a Deus. Esta filosofia acadêmica considera a redução em geral como um processo tão óbvio que, quando se dá ao trabalho de queimar esse tipo de herege, ela o persegue acusando-o apenas de ter praticado uma forma proibida de redução, e o faz queimar porque ele é um “materialista grosseiro” que disse que “tudo é mundo”, ou um “místico extático” que disse que “tudo é Deus”. Nem sequer ocorre a essa mente filosófica que alguém possa não ter tido a intenção de dizer “tudo é apenas…”. Mas essa pergunta sobre a quoddidade de “tudo” já esconde o erro total das respostas. Uma sentença predicativa, supondo que valha a pena ser expressa, deve necessariamente ser construída de modo a sempre propor um novo predicado após a cópula, ou seja, algo que não estava presente antes. Portanto, se fizermos essas perguntas sobre Deus ou o mundo, não devemos nos surpreender se o “eu” surgir: o que mais existe! Tudo o mais, o mundo e Deus, é obviamente dado antes da cópula! Isso também é o que acontece quando o panteísta e seu colega místico descobrem que o mundo e o homem são “seres” divinos, ou quando a outra boutique, o materialista e o ateu, descobrem que o homem é apenas uma criatura e que Deus é apenas um reflexo da “natureza”.

Launay

  1. Jeu de mots sur Finken (plur.) qui signifie « pinson » et désigne également des étudiants non-affiliés à une association (N.d.T.).[]
  2. Oswald Spengler (1880-1936), Der Untergang des Abendlandes, Umrisse einer Morphologie der Weltgeschichte, München, 1923, tr. Paris, 1948.[]