Rivera2001
Deixemos de lado o caso de Parménides, que exigiria um tratamento separado. Em todos os outros casos, o ser é algo com que o homem se confronta, ou seja, algo separado dele, algo a que é necessário “chegar”. Isto é claro em São Tomás de Aquino. De facto, São Tomás diz-nos que ens – traduzamos: “ser” – é “illud… quod primo intellectus concipit quasi notissimum, et in quo omnes conceptiones resolvit” (De verit. 1,1): o ser é aquilo que o intelecto concebe primeiro como o maximamente conhecido, e no qual resolve todas as outras concepções. O ser é um conceito do intelecto, é algo a que se chega por um ato peculiar do intelecto. É certo que este conceito é para S. Tomás algo, por assim dizer, “natural”, algo que se forma espontaneamente e é anterior a toda a teoria. Mas, natural e tudo, é um conceito a que o homem chega por meio de um ato próprio. O ser não é algo constitutivo do homem, mas algo consequente a ele. Diz-se, de facto, que o homem é um animal racional, um animal dotado de razão. A razão, e não os seus actos, é portanto, de algum modo, constitutiva do homem. E entre o ser, lá fora, na própria realidade, e a razão, dentro do homem, há uma relação estrita: a razão deve ir em busca do ser.