Kant – filosofia como medicamento prescrito por filósofos

(Immanuel Kant, “Verkündigung des nahen Abschlusses eines Traktats zum ewigen Frieden in der Philosophie”, in: Gesammelte Werke in sechs Bänden, organização de Wilhelm Weischedel. Darmstadt: Wissenschlaftliche Buchgesellschaft, 1959, 1966, v. ΠΙ, pp. 406-7.)

Uma vez que (…) a saúde humana é (…) feita de doenças e curas incessantes, a simples dietética da razão prática — por exemplo, sob a forma de uma ginástica da razão em causa — não basta para fazer com que seja preservado o equilíbrio a que se chama saúde, e que se sustenta por um fio. A filosofia deve — do ponto de vista terapêutico — agir como um medicamento (matéria médica) para cuja utilização tomam-se então precisos dispensários e médicos — os quais, todavia, são também os únicos autorizados a receitar essa utilização. Nesse gênero de coisa, a polícia deve zelar para que o direito de dar conselhos sobre a filosofia que convém estudar seja reconhecido nos médicos registrados, e não em simples amadores que criem confusão numa arte da qual desconhecem os elementos básicos.