Quanto mais cultivado um homem é, mais ele vive não em intuição imediata, mas em todas as suas intuições, ao mesmo tempo em lembranças; de modo que ele pouco vê do que é completamente novo, mas, pelo contrário, o conteúdo substancial da maior parte do que é novo é algo que já lhe é familiar. Da mesma forma, um homem culto se contenta em sua maior parte com suas imagens e raramente sente a necessidade de intuição imediata. A multidão inquisitiva, por outro lado, está sempre correndo para onde há algo para se espantar.
Segundo Vicente Ferreira da Silva (Transcendência do Mundo): “com essa observação o filósofo procura aludir à servidão da consciência às coisas, à intuição imediata, quando o homem ainda não desenvolveu em si mesmo as suas possibilidades próprias de pensamento e de imaginação. Eis por que Hegel acredita que ‘quanto mais culto é o homem, menos vive na esfera da intuição imediata’”.