Fernandes (FC:215-216) – Explicação

[…] Lembre-se o leitor que, em Ciência, trata-se de explicação, não de compreensão, pois só as explicações aumentam nosso “espaço de manobra” manipulador (o poder). Mas a parcialidade das explicações consiste, em ciência, em que uma coisa só se pode explicar em termos de outra coisa, jamais em seus próprios termos.


A investigação científica, pelo interesse em manipular, ou dominar, é sempre dirigida, pela urgência do desejo, à parcialidade das explicações. Pois é impossível explicar alguma coisa em sua totalidade: só há explicações parciais. E parcialidade gera conflito. De fato, a ciência conhece pela destruição do seu objeto.

A ciência tem um “corpo”: ainda que atividade humana, precipita seus resultados, de revolução em revolução, numa identificação com o seu objeto.

As ciências, não só estão condenadas à insaciabilidade, mas a conhecer pela destruição e a se inter-devorarem. Pode-se hoje fisicalizar a Biologia (p. ex. teoria dos atratores), biologizar a Física (Kuhn) e psicanalisar o resto.