Plágio (Unamuno)
Unamuno, 2021
Objeção: “Parece que as imbecilidades dos outros não existem, pois todas as imbecilidades são próprias do imbecil.” A isso eu respondo: não. O imbecil, assim como o comunista de fato, não o de doutrina, não possui nada próprio, não tem propriedade. A propriedade pertence a todos, não pertence a ninguém. Já se disse que a propriedade é um roubo, assim como também se poderia dizer que o roubo é a propriedade. A originalidade, ou seja, a propriedade mental, é um roubo, um plágio; e o plágio é a originalidade. O plágio é a originalidade secundária, e a originalidade é o primeiro plágio. E isso é um plágio original do método dialético de Pascal, que dizia que, já que o hábito é uma segunda natureza, a natureza é o primeiro hábito. O que é como dizer que, já que se perde muito tempo percorrendo o espaço, perde-se muito espaço ao passar o tempo.
