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Kierkegaard (Ou-Ou I:78-79) – desejo o riso ao meu lado

Aconteceu-me uma coisa prodigiosa. Fui arrebatado ate ao sétimo céu. Estavam lá reunidos todos os deuses. Foi-me concedido por especial graça o favor de realizar um desejo. «Queres tu», disse-me Mercúrio ], «queres tu ter juventude, ou beleza, ou poder, ou uma longa vida, ou a mais bela rapariga, ou uma outra magnificência das muitas que temos na arca da quinquilharia — escolhe lá, mas só uma coisa.» Fiquei baralhado por um instante, mas dirigi-me aos deuses em seguida: «Honoráveis contemporâneos, escolho uma única coisa — que possa sempre contar com o riso do meu lado.» Nem um único dos deuses respondeu uma palavra, ao invés, largaram todos a rir. Perante isto, concluí que o meu pedido fora cumprido, e achei que os deuses sabiam exprimir-se com requinte; porque teria sido deveras inapropriado responder com seriedade: «foi-te concedido».

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