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castoriadis:individuo-castoriadis

Indivíduo (Castoriadis)

Castoriadis1975

Freud propunha como máxima da psicanálise “Onde era o Id, será o Ego” (Wo Es war, soll Ich werden) ]. Ego é aqui, numa primeira aproximação, o consciente em geral, o Id, propriamente falando origem e lugar das pulsões (“instintos”), deve ser tomado nesse contexto como representando o inconsciente no sentido mais amplo. Ego, consciência e vontade, deve tomar o lugar das forças obscuras, que, “em mim”, dominam, agem por mim — “atuam-me” como dizia G. Groddeck ]. Essas forças não são simplesmente — não são tanto, voltaremos a isto mais adiante — as puras pulsões, libido ou pulsão de morte; são sua interminável, fantasiosa, e fantástica alquimia, são também, e sobretudo, as forças de formação e de-repressão inconscientes, o Superego e o Eu inconsciente. Uma interpretação da frase torna-se de imediato necessária. O Ego deve tomar o lugar do Id — isso não pode significar nem a supressão das pulsões, nem a eliminação ou a reabsorção do inconsciente. Tratà-se de tomar seu lugar na qualidade de instância de decisão. A autonomia seria o domínio do consciente sobre o inconsciente. Sem prejuízo da nova dimensão em profundidade revelada por Freud ], este é o programa da reflexão filosófica sobre o indivíduo há vinte e cinco séculos, o pressuposto e ao mesmo tempo o resultado da ética tal como a viram Platão ou os estoicos, Spinoza ou Kant. (É em si de uma imensa importância, porém não para esta discussão, que Freud proponha uma via eficaz para atingir o que permaneceu para os filósofos um “ideal” accessível em função de um saber abstrato) ]. Se à autonomia, a legislação ou a regulação por si mesmo, opomos a heteronomia, a legislação ou a regulação pelo outro, a autonomia é minha lei, oposta à regulação pelo inconsciente que é uma lei outra, a lei de outro que não eu.

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