Teoria da Evolução
(Blumenberg2006)
ignora que a possibilidade de existência humana é biologicamente definida precisamente pelo fato de o homem ter sido capaz de desativar os fatores de seu próprio desenvolvimento. Ele conseguiu fazer isso ao compensar sua situação original, provavelmente desesperadora, através da criação de uma zona cultural ao redor de seu corpo nu. Essa zona cultural, preenchida com ferramentas e diversos dispositivos de proteção à vida de natureza material e institucional, intercepta o acesso dos mecanismos seletivos ao próprio sistema orgânico. O homem é domesticado indiretamente: ele, primeiro, criou o cercado, o animal doméstico do qual ele poderia, posteriormente, tornar-se.
A domesticação do homem é, portanto, a desativação e a imobilização do processo biológico através do qual ele se tornou o que é, e essa condição impede tirar quaisquer conclusões sobre seu futuro com base em seu passado.
