Categoria: Wittgenstein, Ludwig
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Cavell1989 Acrescentemos, agora, à afinidade a respeito do ignóbil e do atraente, a ideia de que ambos são parte de nossa condição, da condição humana, ou seja, da condição de nosso pensar, especificamente do nosso conhecimento de um mundo de objetos, e a afinidade de Kant e Emerson com o Wittgenstein de Investigações se declara.…
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Chauvire2009 O predicamento egocêntrico. “Predicamento” significa “situação difícil, impasse”. O Egocentric Predicament é um tópico da filosofia de Oxford e Cambridge no início do século XX; a expressão vem de um artigo de R. B. Perry, “The egocentric predicament” (Journal of Philosophy, Psychology and Scientific Method, 1910), e designa o fato de “pretender que se…
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“Não se pode ajudar aqueles que, com todo o seu instinto, vivem no rebanho que criou essa linguagem como sendo sua forma de expressão natural”. (Citado por Anthony Kenny, “Wittgenstein on the Nature of Philosophy”, in: McGuinness (org.), Wittgenstein and His Times, p. 16.)
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(Wittgenstein1980) O que torna o objeto difícil de entender — quando ele é significativo, importante — não é que uma dada instrução particular sobre coisas abstrusas seja necessária à sua compreensão, mas sim a oposição entre a compreensão do objeto e o que a maioria dos homens quer ver. Por isso, o que é apreensível…
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(Wittgenstein1980) O filósofo diz: “Vejam as coisas assim!” — mas, para começar, com isso não diz que as pessoas as verão dessa maneira; depois, é possível que, de um modo ou de outro, ele chegue tarde demais com sua exortação, e é igualmente possível que uma exortação desse tipo não consiga produzir efeito algum de…
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(Wittgenstein1980) Mesmo que esteja claro para mim que o desaparecimento de uma cultura não significa o desaparecimento do valor humano, mas unicamente o de alguns meios de expressão desse valor, nem por isso deixa de ser fato que considero a corrente da civilização europeia sem simpatia e sem compreensão para com seus objetivos, se é…
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(Wittgenstein1980) No decorrer de uma investigação científica, dizemos toda sorte de coisas; formulamos um grande número de enunciados cujo papel não compreendemos na investigação. É que, na verdade, as coisas não se passam como se tudo o que dizemos tivesse um objetivo consciente; simplesmente soltamos a língua. Nosso pensamento se move segundo trajetórias impostas pela…
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(Wittgenstein1980) “O filósofo é o homem que deve curar em si mesmo muitas doenças do entendimento, antes de poder chegar às ideias do entendimento humano com boa saúde”.
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A filosofia é a tentativa que fazemos de nos libertar de um tipo particular de perplexidade. Essa perplexidade “filosófica” é uma perplexidade do intelecto, e não do instinto. As perplexidades filosóficas não têm pertinência em relação à nossa vida cotidiana. São perplexidades de linguagem. Instintivamente, utilizamos a linguagem de maneira correta; mas, para o intelecto,…
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A auréola da filosofia se perdeu. É que, atualmente, temos um método para fazer filosofia, e podemos falar de filósofos habilidosos (skillful). Vejam a diferença entre a alquimia e a química: a química tem um método e podemos falar de químicos habilidosos. Contudo, uma vez que se tenha encontrado um método, as oportunidades subsistentes para…
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(Wittgenstein1980) “A filosofia não fez qualquer progresso? — Quando alguém se coça onde sente comichão, devemos observar um progresso? Será que, sem isso, não se trata de um coçar autêntico, ou de uma comichão autêntica? E será que essa reação à irritação não pode prolongar-se assim por muito tempo, antes que se encontre um remédio…
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(Wittgenstein1980) A solução do problema que você vê na vida está em uma maneira de viver que faça desaparecer o elemento problemático. (…) Mas, porventura não temos a sensação de que quem não vê um problema nisso está cego para algo importante, e até para o que há de mais importante? Não gostaria eu de…
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(Wittgenstein1980) “Na arte é difícil dizer algo que seja tão bom quanto não dizer nada”.
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(Wittgenstein1980) “O destino é algo que se opõe à lei natural. A lei natural, nós queremos aprofundá-la e utilizá-la, o destino, não”.
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(Wittgenstein1980) “Fazer-se psicanalisar é, de um modo ou de outro, semelhante a comer da árvore do conhecimento. O conhecimento obtido com isso levanta-nos problemas éticos (novos), mas não contribui de maneira alguma para sua solução”.
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(Philosophische Grammatik, organização de R. Rhees. Oxford: B. Blackwell, 1969, pp. 381-2) O filósofo percebe mudanças no estilo de sua dedução (Ableitung) ao largo das quais o matemático de hoje, com sua visão obtusa, passa tranquilamente. Propriamente falando, o que distinguirá o matemático do futuro do matemático de hoje é uma sensibilidade maior; e é…
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Paradoxalmente, como o próprio Cavell observa, a despsicologização da psicologia pode dar a impressão de levar, em Wittgenstein, à redução de toda a filosofia a um certo tipo de psicologia ou, mais geralmente, de antropologia; pois o filósofo não faz nada mais, em última análise, do que chamar nossa atenção para a maneira como nomeamos…
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Para Wittgenstein, acreditar que uma frase não poderia “dizer” nada se sua enunciação não fosse acompanhada, naquele que fala e naquele que ouve, por processos psicológicos característicos, é um pouco — guardadas as proporções — como acreditar que uma frase não poderia dizer o que deve dizer se não fosse impressa em tinta vermelha em…
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Tendemos a tomar o discurso de um chinês por um borbulhar inarticulado. Alguém que entende chinês reconhecerá a língua no que ouve. Da mesma forma, muitas vezes não consigo discernir a humanidade em um homem. We tend to take the speech of a Chinese for inarticulate gurgling. Someone who understands Chinese will recognize language in…
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6.41 O sentido do mundo deve estar fora dele. No mundo, tudo é como é e tudo acontece como acontece; não há nele nenhum valor – e se houvesse, não teria nenhum valor. Se há um valor que tenha valor, deve estar fora de todo acontecer e ser-assim. Pois todo acontecer e ser-assim é casual.…