Categoria: Merleau-Ponty, Maurice
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(MPFP) Durante muito tempo, acreditou-se encontrar no condicionamento periférico uma maneira segura de localizar as funções psíquicas “elementares” e de distingui-las das funções “superiores”, menos estritamente ligadas à infra-estrutura corporal. Intro I Essa consequência não é aprendida, ela faz parte das montagens naturais do sujeito psicofísico, ela é, nós o veremos, um anexo de nosso…
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(MPFP) Mas a estrutura ponto-horizonte só pode ensinar-me o que é um ponto dispondo diante dele a zona de corporeidade de onde ele será visto, e em torno dele os horizontes indeterminados que são a contrapartida dessa visão. Intro III O espaço e, em geral, a percepção indicam no interior do sujeito o fato de…
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(MPFP) Eu não sou o resultado ou o entrecruzamento de múltiplas causalidades que determinam meu corpo ou meu “psiquismo”, eu não posso pensar-me como uma parte do mundo, como o simples objeto da biologia, da psicologia e da sociologia, nem fechar sobre mim o universo da ciência. Prefácio Devo até mesmo afastar de mim o…
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(MPFP) Sempre temos conosco um princípio constante de distração e de vertigem que é nosso corpo. Intro III Mas nosso corpo não tem o poder de fazer-nos ver aquilo que não existe; ele pode apenas fazer-nos crer que nós o vemos. Intro III A pura sensação, definida pela ação dos estímulos sobre nosso corpo, é…
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(MPFP) O corpo é o veículo do ser no mundo, e ter um corpo é, para um ser vivo, juntar-se a um meio definido, confundir-se com certos projetos e empenhar-se continuamente neles. Intro I Mas, no momento mesmo em que o mundo lhe mascara sua deficiência, ele não pode deixar de revelá-la: pois se é…
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(MPFP) Portanto, o corpo não é qualquer um dos objetos exteriores, que apenas apresentaria esta particularidade de estar sempre aqui. Intro II No sujeito normal, o corpo não é mobilizável apenas pelas situações reais que o atraem a si, ele pode desviar-se do mundo, aplicar sua atividade nos estímulos que se inscrevem em suas superfícies…
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(MPFP) O sujeito normal, quando executa sob comando a saudação militar, só vê nisso uma situação de experiência; ele reduz então o movimento aos seus elementos mais significativos e não se coloca ali inteiro. Ele representa com seu próprio corpo, diverte-se em encenar o soldado, ele se “irrealiza” no papel do soldado como o ator…
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(MPFP) Se o outro é verdadeiramente para si para além de seu ser para mim, e se nós somos um para o outro e não um e outro para Deus, é preciso que apareçamos um ao outro, é preciso que ele tenha e que eu tenha um exterior, e que exista, além da perspectiva do…
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(MPFP) Mas essa relação de expressão recíproca, que faz o corpo humano aparecer como a manifestação, no exterior, de uma certa maneira de ser no mundo, devia resolver-se para uma fisiologia mecanicista em uma série de relações causais. Intro IV A predominância das vogais em uma língua, das consoantes em outra, os sistemas de construção…
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(MPFP) Nestas condições, o corpo vivo não podia escapar às determinações que eram as únicas que faziam do objeto um objeto, e sem as quais ele não teria lugar no sistema da experiência. Intro IV Era preciso ligar o fenômeno centrífugo de expressão a condições centrípetas, reduzir esta maneira particular de tratar o mundo que…
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(MPFP) A ilusão sobre o corpo próprio acarreta a aparência do movimento no objeto. Intro III Os movimentos do corpo próprio são naturalmente investidos de certa significação perceptiva, eles formam, com os fenômenos exteriores, um sistema tão bem ligado que a percepção externa “leva em conta” o deslocamento dos órgãos perceptivos, encontra neles, senão a…
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(MPPF) A presença e a ausência dos objetos exteriores são apenas variações no interior de um campo de presença primordial, de um domínio perceptivo sobre os quais meu corpo tem potência. Intro II A percepção me dá um “campo de presença” no sentido amplo, que se estende segundo duas dimensões: a dimensão aqui-ali e a…
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(MPPF) Um campo visual não é feito de visões locais. Intro I Ora, a experiência não oferece nada de semelhante e nós nunca compreenderemos, a partir do mundo, o que é um campo visual. Intro I Não é fácil descrever a região que rodeia o campo visual, mas é certo que ela não é nem…
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(MPPF) Mas, se o campo fenomenal é um mundo novo, ele nunca é absolutamente ignorado pelo pensamento natural, ele lhe está presente no horizonte, e a própria doutrina empirista é uma tentativa de análise da consciência. MPFP: Intro II A crítica da hipótese de constância e, mais geralmente, a redução da ideia de “mundo” abriam…
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(MPPF) O próprio Kant mostra, na Crítica do Juízo, que há uma unidade entre a imaginação e o entendimento, uma unidade entre os sujeitos antes do objeto, e que na experiência do belo, por exemplo, eu experimento um acordo entre o sensível e o conceito, entre mim e o outro, que é ele mesmo sem…
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(MPPF) Mas a noção de atenção, como o mostraremos mais amplamente, não tem a seu favor nenhum testemunho da consciência. Intro I Esses casos em que o fenômeno não adere ao estímulo devem ser mantidos no quadro da lei de constância e explicados por fatores adicionais — atenção e juízo — ou então é preciso…
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(MPPF) Mas só depois a experiência passada pôde aparecer como causa da ilusão, foi preciso que a experiência presente primeiramente adquirisse forma e sentido para fazer voltar justamente esta recordação e não outras. Intro II A “figura” e o “fundo”, a “coisa” e o seu “redor”, o “presente” e o “passado”, estas palavras resumem a…
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A “associação de ideias” que traz a experiência passada só pode restituir conexões extrínsecas e ela mesma só pode ser uma conexão extrínseca porque a experiência originária não comportava outras. Intro II A sensação não admite outra filosofia senão o nominalismo, quer dizer, a redução do sentido ao contra-senso da semelhança confusa, ou ao não-senso…
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O mundo está ali antes de qualquer análise que eu possa fazer dele, e seria artificial fazê-lo derivar de uma série de sínteses que ligariam as sensações, depois os aspectos perspectivos do objeto, quando ambos são justamente produtos da análise e não devem ser realizados antes dela. Prefácio Mas ver é obter cores ou luzes,…
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Assim, minha sensação do vermelho é apercebida como manifestação de um certo vermelho sentido, este como manifestação de uma superfície vermelha, esta como manifestação de um papelão vermelho, e este enfim como manifestação ou perfil de uma coisa vermelha, deste livro. Prefácio Iniciando o estudo da percepção, encontramos na linguagem a noção de sensação, que…